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Alimentação

Boom dos orgânicos

<p>Alimentos orgânicos desafiam a crise econômica e seguem tendência de expansão de produtos e mercados.</p>

Em franca expansão nos últimos anos, e ainda aquecidas apesar da desaceleração da economia global a partir de setembro de 2008, as exportações brasileiras de orgânicos continuam em um processo de diversificação e ampliação de produtos, empresas e destinos que tende a fortalecer a presença do País nesse mercado no médio e longo prazos.

Levantamento do projeto Organics Brasil, ligado à Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex-Brasil), mostra que, em 2008, os embarques renderam pelo menos US$ 58,4 milhões, ante US$ 21 milhões em 2007. “Pelo menos” porque os números incluem apenas empresas que participam do projeto, e esse número também é crescente.

Para se ter uma ideia, em setembro de 2008 participavam do Organics Brasil 63 empresas de diversos portes; hoje são 74, de 13 Estados (Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Rio, Minas, Mato Grosso, Paraíba, Ceará, Rio Grande do Norte, Amapá, Pará e Amazonas), que exportam mais de 50 produtos para 78 países, principalmente os europeus.

Segundo Ming Liu, gestor do projeto iniciado em 2005, açúcar, mel, grãos e frutas representam cerca de 90% dos embarques, mas o rol também inclui castanhas, azeites, chás, cosméticos e têxteis. Conforme ele, ainda não há dados fechados sobre os embarques no primeiro semestre, mas as feiras internacionais que o Organics Brasil participou no período mostraram que o apetite dos importadores continua grande.

“O mercado de orgânicos sentiu pouco os efeitos da crise. Vimos que investimentos direcionados à aquisição de bens e lazer recuaram, mas que os gastos com alimentação permaneceram firmes. As refeições fora do lar diminuíram, mas em casa, não, e parte dessa ‘economia’ manteve o consumo de orgânicos em alta”, disse Liu ao Valor.

Segundo o gestor, o projeto se fez representar, no primeiro semestre, em feiras na Alemanha, Estados Unidos (Califórnia e Chicago) e Montreal. Esta última mereceu destaque especial de Liu por ter sido a primeira com a presença brasileira no Canadá. “Foram resultados acima das expectativas”. Neste segundo semestre, o Organics Brasil participará da Feira Internacional de Produtos Orgânicos e Agroecologia – que será aberta amanhã em São Paulo pelo presidente Lula – e em eventos nos EUA, Japão e Alemanha.

O convênio com a Apex-Brasil é bienal e está em fase de renovação. A expectativa é que os embarques continuem aumentando, a um ritmo de 20% a 30% ao ano, já que a base de comparação atualmente é maior. “Lá fora a demanda cresce; agora temos que fazer o trem chegar com a mesma velocidade ao mercado interno”, afirmou Liu.

Nesse sentido, ele acredita que a entrada em vigor da nova regulamentação do segmento no País, em 2010, com certificado obrigatório e outras exigências de padronização, será um impulso para a ampliação do número de consumidores no país. Conforme o governo, os orgânicos movimentam R$ 500 milhões por ano e envolvem 15 mil produtores no Brasil, com uma área de cultivo da ordem de 800 mil hectares – excluindo o extrativismo, que eleva a estimativa para 5 milhões de hectares.