O Instituto Adolfo Lutz, ligado ao governo do Estado de São Paulo, conseguiu isolar o vírus da gripe A (H1N1), e detectou uma nova “estirpe” da doença no Brasil. Os técnicos brasileiros perceberam um padrão diferente para o vírus daquele que foi registrado pelo CDC (Centros de Controle de Doenças dos Estados Unidos) com base em amostras retiradas de pacientes da Califórnia.
Segundo pesquisadores do Adolfo Lutz, foi detectado, por intermédio de sequenciamento genético, que houve mutação na proteína Hemaglutinina, responsável pela capacidade de infecção do vírus. A variação revelada passa a ser chamada de A/São Paulo/H1N1.
De acordo com a Secretaria do Estado da Saúde, o vírus da gripe suína foi fotografado pelo setor de setor de microscopia eletrônica do instituto. A imagem do vírus foi ampliada em 200 mil vezes, por meio de um equipamento que possui a capacidade de aumentar esse tipo de imagem em até 1 milhão de vezes.
Os técnicos do Adolfo Lutz afirmam que o isolamento do vírus da gripe A (H1N1) irá contribuir para a produção da vacina e detectar a resposta aos medicamentos antivirais.
Pandemia
Na última quinta-feira (11), a OMS (Organização Mundial da Saúde) informou aos países-membros a existência de uma pandemia (epidemia generalizada) de gripe A (H1N1). O motivo foi a abrangência da doença, que já atingiu diversas regiões do mundo, e não a periculosidade do vírus.
O Ministério da Saúde confirmou nesta segunda-feira (16) mais cinco casos de gripe A (H1N1) no Brasil, elevando para 74 o número de casos confirmados. De acordo com a pasta, quatro casos foram confirmados em São Paulo, Estado com o maior número de contaminações confirmadas, e um no Distrito Federal.
Segundo o governo, todos os pacientes estão em tratamento e passam bem. Não foram informados detalhes sobre os casos.
Os Estados que possuem casos confirmados de contaminação pela gripe suína são: São Paulo (27), Santa Catarina (17), Rio de Janeiro (10), Minas Gerais (9), Tocantins (4), Distrito Federal (3), Mato Grosso (2), Bahia (1) e Rio Grande do Sul (1).
Sem vacina
O laboratório Novartis afirmou ontem que, em oposição a um pedido da OMS, não vai distribuir gratuitamente aos países mais pobres a vacina que produziu para combater a gripe suína.
A declaração foi feita por Daniel Vasella, conselheiro do laboratório, ao jornal “Financial Times”. Segundo Vasella, o grupo suíço poderia estudar a possibilidade de reduzir o custo das vacinas para estes países, mas não está disposto a entregar o remédio sem custo algum.
“Se pretendem que a produção [das vacinas] seja sustentável, têm que criar incentivos financeiros”, disse Vasella, acrescentando que os próprios países em desenvolvimento ou os países ricos devem pagar pelas vacinas com seus programas de ajuda humanitária.