A Chapa “União com Responsabilidade” divulgou nesta terça-feira (02/06) sua proposta de trabalho para a gestão 2009/2011 à frente da Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS). As eleições ocorrem em julho, durante o XIII Seminário Nacional de Desenvolvimento da Suinocultura (SNDS) em Foz do Iguaçu (PR). A Chapa tem o suinocultor Irineu Wessler como candidato a presidência do Conselho. Wessler é o atual presidente da Associação Paranaense de Suinocultura (APS).
Entre as ações prioritárias propostas estão aprofundar a campanha “Um Novo Olhar sobre a Carne Suína”, trabalhar com assessorias especializadas para analisar casos como o da fusão que resultou na Brasil Foods (BRF), fortalecer a entidade e a aproximar do suinocultor. Veja a proposta de trabalho da Chapa “União com Responsabilidade” na íntegra.
PROPOSTA DE TRABALHO DA CHAPA “UNIÃO COM RESPONSABILIDADE”
O desenvolvimento da suinocultura aumenta o desafio dos suinocultores de se adaptarem e continuarem a ter lucros e modifica o escopo e a complexidade de suas atividades. O suinocultor conhece o seu ofício de produzir, tanto que vem se mantendo na vanguarda tecnológica da produção, e sabe das boas características do seu produto. Mas, a atividade vem tendo lucratividade decrescente, vivendo longos e cada vez mais frequentes períodos de prejuízos acentuados. Muitos companheiros têm ficado pelo caminho.
A suinocultura brasileira é, indiscutivelmente, uma atividade econômica de grande relevância na economia brasileira, mas o equilíbrio distributivo do setor deixa muito a desejar. Os componentes da Chapa União com Responsabilidade às eleições de julho próximo entendem que a ação da ABCS, com todo o seu peso de entidade representativa dos produtores, deve priorizar sua ação “para fora” do setor específico de produção. O suinocultor necessita, fundamentalmente, do reconhecimento dos demais elos da cadeia, do governo e dos consumidores para a valorização de sua atividade.
Os objetivos estatutários da ABCS de defesa, desenvolvimento e estímulo do setor devem ser alcançados, nesta etapa econômica, por ações dirigidas e coordenadas no âmbito: (1) da cadeia produtiva; (2) da relação com os órgãos de governo federal e estaduais; (3) dos governos dos países importadores e concorrentes; (4) dos órgãos multilaterais de comércio; e, sobretudo, (5) dos consumidores de nossos produtos.
PRINCÍPIOS DA AÇÃO INSTITUCIONAL NA GESTÃO 2009/2011
No âmbito de uma economia de livre mercado, os agentes econômicos trabalham em busca da maximização do retorno aos seus investimentos sob o quadro da regulamentação técnica, econômica e legal vigente. Compete às Entidades de Classe conhecer em detalhe as relações econômicas entre os agentes da cadeia e agir no sentido de garantir uma divisão adequada dos resultados entre os elos do setor; agir junto aos órgãos públicos no sentido de adequar a regulamentação do setor aos interesses permanentes dos produtores e colaborar na formulação e execução de políticas conjuntas público-privadas; manter relações com os governos dos principais países importadores ou potenciais importadores, bem como das entidades congêneres e governos dos países concorrentes, principalmente através de suas representações diplomáticas em Brasília; participar das negociações oficiais junto aos organismos multilaterais setoriais e de comércio; e fortalecer mecanismos de divulgação e informação de nossos produtos aos consumidores nacionais e do exterior.
AÇÕES PRIORITÁRIAS
Os limitados recursos da Entidade restringem a sua capacidade de ação e exigem a eleição de objetivos específicos e bem definidos. Assim, a equipe estabelece as seguintes ações prioritárias, sem prejuízo das ações emergenciais que venham a se impor:
1. Manter as ações de mercado desenvolvidas pela instituição, voltadas para a ampliação do consumo de carne suína no Brasil, situado hoje em níveis inadmissíveis. Em particular, aprofundar a Campanha Um Novo Olhar Sobre a Carne Suína, desta vez estabelecendo metas de aumento do consumo per capita do produto. Ainda nesse campo, enfrentar os gargalos já detectados e aprofundar o conhecimento sobre os mecanismos logísticos e operacionais que hoje limitam e constrangem o desenvolvimento mercadológico da carne suína, tanto no varejo quanto nos demais mercados.
2. Trabalhar, com as assessorias especializadas que se fizerem necessárias e com todos os demais elos da cadeia produtoiva, para alertar e induzir o CADE a analisar o processo da Brazil Foods sob o ponto de vista do monopsônio, ou seja, o poder da empresa de impor preços, normas, regras e compromissos indevidos a seus fornecedores de insumos, especialmente os suinocultores – integrados e independentes. Acompanhar, durante a tramitação do processo e também após sua conclusão, os aspectos da fusão no âmbito da SDE/MJ e SAC/MF. Ainda na questão distributiva, acionar nossos parceiros no Congresso Nacional para acelerar as discussões e decidir sobre a legislação que visa estabelecer normas para regular as relações jurídicas entre a agroindústria e o produtor integrado.
3. Contribuir para o fortalecimento político e institucional da ABCS. Estruturar e capacitar a entidade, através dos meios financeiros e humanos necessários, para que esta possa cumprir plenamente com suasfinalidades estratégicas em prol da suinocultura brasileira.
4. Juntamente com as entidades afiliadas, aumentar a aproximação da ABCS com o suinocultor brasileiro, de seu dia-a-dia, de suas demandas, criando novos mecanismos definidos de consulta permanente do sentimento e das necessidades dos produtores, além de fortalecer ferramentas de comunicação que colaborem para informar e orientar o produtor, oferecer informações que lhe permitam melhorar o desempenho do seu negócio dos pontos de vista técnico, gerencial, mercadológico e de formação de preços.
5. Trabalhar em todas as instâncias governamentais para que seja aprimorado e intensificado o sistema de controle sanitário, de defesa animal no país, lutando por ampliação do investimento do poder público no setor e pela gestão ágil e adequada desses recursos. Nessa área, é indispensável dar especial atenção ao combate à febre aftosa que permanece como um desafio junto ao rebanho bovino brasileiro, mas com graves efeitos sobre o mercado da carne suína, particularmente no que diz respeito ao plano internacional.
6. Dar o necessário destaque à políticas públicas e privadas que confiram ao produto suíno brasileiro uma percepção de referência no que tange a mecanismos de desenvolvimento limpo e à promoção de uma produção sustentável, integrando, de forma harmônica, as dimensões econômica, ambiental e sobretudo social.
7. Trabalhar pela harmonia entre os parceiros suinocultores de todos os Estados, estimulando encontros e reuniões que colaborem para a construção de um discurso comum. Lutar por um diálogo construtivo entre os suinocultores e os parceiros da cadeia produtiva, tendo como perspectiva alcançar os inúmeros objetivos comuns existentes.
Esta Proposta de Trabalho é submetida aos companheiros suinocultores para sua análise juntamente com as suas entidades, regionais e estaduais. Os integrantes da Chapa União com Responsabilidade têm todo o interesse em receber críticas e sugestões e se dispõem a adotar as contribuições relevantes.