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China reabre importação de frango e anima Sadia e Seara

<p>A retomada vai trazer impacto às exportações a partir do segundo trimestre do próximo ano.</p>

Redação (04/12/2008)- A reabertura do mercado chinês para o frango in natura brasileiro animou as companhias exportadoras do setor ontem. A notícia vem em um excelente momento, considerando a situação do cenário econômico atual, de esperada redução de demanda por parte de alguns mercados depois da crise.

Com a volta da emissão de licenças para os exportadores, por parte do governo chinês, fato anunciado oficialmente ontem pelo ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), Reinhold Stephanes, a projeção dos exportadores é de que a China crie uma demanda inicial de 100 mil toneladas, além das 400 mil toneladas que já abastecem esse mercado via Hong Kong.

"A retomada vai trazer impacto às exportações a partir do segundo trimestre do próximo ano", avaliou Christian Lohbauer, diretor executivo da Associação Brasileira dos Produtores e Exportadores de Frangos (Abef). Para 2008, a Abef revisou suas projeções e prevê embarques entre 3,6 e 3,7 milhões de toneladas. No próximo ano, a estimativa previa aumento de 5% sobre 2008.

Atualmente, 24 plantas em oito estados estão habilitadas a exportar. Entre elas, unidades da Sadia, Perdigão, Aurora, Seara, Big Frango, Penasul, Diplomata, entre outras. As regiões são Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Mato Grosso Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas Gerais. De acordo com Lohbauer, estão autorizadas praticamente todas as plantas habilitadas a exportar para os europeus.

Segundo José Augusto de Sá, diretor de relações internacionais da Sadia, a companhia terá entre 4 e 7 unidades autorizadas a embarcar frangos para os chineses. A expectativa é de que novos negócios sejam feitos imediatamente após a notícia. "Temos escritório em Xangai, é praticamente imediata a realização de novos negócios", afirmou o executivo, que ainda não pôde estimar o quanto poderão alavancar as exportações da empresa após a reabertura desse nicho consumidor. "É cedo ainda para fazer qualquer estimativa", finalizou.

As negociações ocorreram esta semana, em Pequim (China), entre o ministro da Agricultura brasileiro, Reinhold Stephanes, o secretário de Defesa Agropecuária do Ministério da Agricultura, Inácio Kroetz, e o vice-ministro de Administração, Quarentena, Supervisão e Inspeção da República Popular da China, Wei Chuanzhong. Segundo o Mapa, o restabelecimento do comércio de carne de frango in natura é imediato, validado pelas duas autoridades. Conversações sobre a abertura do mercado para a carne de suínos também estiveram na agenda e estão sendo concluídas, segundo o Mapa.

A China é um dos maiores consumidores de carnes de frango e suínos, ressalta José Vicente Ferraz, diretor do Instituto AgraFNP. "São fantásticos produtores e consumidores dessas duas proteínas", destaca. O país consome cerca de 44,5 milhões de toneladas por ano de carne suína e outras 12,3 milhões de toneladas/ano de carne de frangos. A produção é de 44,7 milhões de toneladas/ano e 12,5 milhões de toneladas/ano, respectivamente, segundo dados mais recentes.

Em relação à carne suína, as exportações chegam a 330 mil toneladas/ano e, as importações, 210 mil toneladas/ano. Para aves, as vendas externas daquele país acumulam cerca de 400 mil toneladas/ano enquanto as importações chegam a 600 mil toneladas/ano. "A produção e o consumo são enormes. Por isso, qualquer mínimo desequilíbrio na produção chinesa abre uma brecha excelente para os exportadores", continua Ferraz.

Para o diretor do Instituto AgraFNP, no longo prazo, a tendência da China é aumentar significativamente suas importações, sobretudo dos produtos de agronegócios. O país não tem mais áreas com condições ideais para expandir produção e, além disso, a produtividade já é alta. "Existe uma região na China, inclusive, que é pobre em água doce", lembrou Ferraz.

Novela

Há dois anos essas 24 plantas brasileiras já têm em mãos a habilitação para exportar frango in natura para os chineses. No entanto, o que faltava era conseguir a licença para realizar as exportações, concedida pelo governo chinês.

O governo chinês também reclamou, na época em que foram habilitadas plantas, de irregularidades em relação a volumes (uma planta que exportava maior volume do que produzia) e da presença de bactéria em determinada unidade exportadora. Por isso, foram emitidas poucas licenças, em poucos meses. "As questões técnicas não foram problema. A trava resultou de questão política e o Brasil sempre foi fraco para pressionar o governo chinês", avaliou Lohbauer, da Abef.