Redação (10/11/2008)- A consulta para o primeiro conjunto de princípios e padrões internacionais destinados à produção sustentável de biocombustíveis, realizada na semana passada em São Paulo, terminou com duas propostas de modificação expressivas – com chances de serem acatadas pela Mesa Redonda sobre Biocombustíveis Sustentáveis.
Segundo o ambientalista Roberto Smeraldi, um dos três membros da Mesa no Brasil, ao lado de Petrobras e Unica (do setor sucroalcooleiro), os participantes propuseram em consenso a criação de níveis de pontuação para critérios de sustentabilidade, com diferentes gradações de cumprimento, ao invés de simplesmente taxá-los como cumpridores ou não. "Isso daria o estímulo para a melhora gradativa", diz ele.
Outra mudança proposta foi a criação de um percentual de redução de gases-estufa para a produção dos biocombustíveis em comparação aos fósseis. Na versão inicial de minuta apresentada em agosto, na Suíça, o texto determinava apenas a redução "expressiva". Produtores, empresas, acadêmicos e ambientalistas, porém, pediram a retirada do termo e a sua substituição por uma meta. "Para os ambientalistas isso é bem-recebido porque ajuda o ambiente. Pelo lado econômico, porque dá competitividade ao Brasil", disse Smeraldi. "E há um entendimento de que essa redução deve ser de pelo menos 50% de gases-estufa".
Este foi o primeiro encontro no Brasil para discussão pública do que deverá ser uma espécie de cartilha para produtores e compradores de biocombustível. Reuniões como esta estão sendo feitas em dezenas de países. Todas as propostas de modificação serão enviadas ao conselho diretor da Mesa, formado por gigantes como Shell, British Petroleum, Bunge e Toyota. O conselho terá até abril para apresentar versão final do documento.
Os critérios e princípios não serão compulsórios. "Será um mecanismo de mercado", diz Smeraldi.