Redação (26/09/2008)- O galpão está lotado de insumos. Todos os produtos que o agricultor Zeca Zardo precisa para o plantio no início de outubro já foram comprados. Só de adubo são 200 toneladas. Foram gastos R$ 380 mil, que ele pagou a vista.
“A gente não tem só agricultura. Nós trabalhamos com pecuária também. Então, a gente reúne todo o dinheiro disponível entre pecuária e agricultura para comprar os insumos para fazer o plantio”, explicou seu Zeca.
Faz mais de dez anos que seu Zeca não empresta dinheiro para custear a safra de milho e soja. Cada lavoura é planejada com meses de antecedência. Mas por pouco não recorreu aos bancos neste ano. Com a alta dos insumos, teve que pegar recursos de outro setor da fazenda.
“Esse ano, com aumento brutal nos custos da agricultura em sementes e no adubo, tivemos uma dificuldade muito grande para não ter que financiar. Para conseguir pagar tudo e não financiar. Então, a gente teve que vender os bois no Mato Grosso e colocar o dinheiro aqui para poder comprar. Mas foi difícil”, avaliou seu Zeca.
Ainda são poucos os produtores que plantam com recursos próprios. De acordo com a Federação da Agricultura, oito em cada dez agricultores paranaenses vão financiar a safra de verão, a mais importante do ano.
O agricultor Erwin Soliva calcula que vai precisar de R$ 300 mil, quase o dobro do ano passado, para semear a mesma área. Ele pretende financiar R$ 200 mil, trinta por cento a mais do que no ano passado. “O adubo subiu muito. Os insumos subiram muito”, disse.
O seu Erwin deve pagar juros de 6,75% ao ano, um valor que não considera abusivo. Mas ele gostaria mesmo de se ver livre desta cobrança. “Ninguém gostaria de financiar, na verdade. Como o juro não é tão caro e a gente vem sempre financiando, a gente vai acostumando. Mas, na verdade, o agricultor deveria ser mais capitalista e depender menos de banco”, concluiu.
Segundo a Secretaria de Agricultura do Paraná, dezoito por cento da área destinada ao milho já foi semeada. O plantio da soja ainda não começou.