Redação (08/10/07) – A justificativa é o aumento do custo de produção e a crescente demanda – tanto do mercado externo quanto do interno. Mas, por outro lado, a desvalorização do dólar pode minimizar a ceia mais cara e o consumidor substituir as carnes pelo bacalhau – além de incrementar a refeição com frutas importadas típicas dessas festas.
"Será o natal dos importados. Se a indústria aumentar os preços acima do crescimento da massa salarial, o consumidor troca de produto", afirma Fábio Silveira, economista da RC Consultores. De acordo com ele, os preços dos insumos mais elevados já provocaram reajustes no frango de até 40%, que podem se refletir em outras aves.
"Quem pagar o melhor prêmio leva", diz Sérgio Fonseca, diretor de vendas Brasil da Sadia. Segundo ele, no caso dos suínos, em que surgiu uma demanda inesperada devido à doença do rebanho chinês, não há tempo hábil para rever a produção para atender ao consumo das festas. Por isso, parte da produção poderá ser desviada para o mercado externo e o brasileiro ter de pagar mais. Ele acrescenta que as duas carnes típicas das festas – suína e de aves – tiveram aumento no custo, ainda não totalmente repassado, devido aos insumos mais elevados. O preço do milho subiu mais de 50% no ano.
Diante desse cenário, as duas maiores empresas do setor – Sadia e Perdigão – prevêem valores mais altos para essas carnes no final do ano, com reajustes superiores a dois dígitos. "Estamos avaliando as correções até final do mês. Vamos considerar inflação, demanda e custo de produção", diz Ricardo Menezes, diretor Relações Institucionais da Perdigão.
As empresas se prepararam para este final de ano, com o aumento da produção e também com o lançamento de novos produtos. O alojamento dos animais foi praticamente semelhante à expectativa de aumento nas vendas. Na Sadia, a produção será até 15% maior e na Perdigão, 10% superior.
Entre as mais otimistas está a Pif Paf, que projeta faturamento 25% maior. A Sadia espera aumento entre 10% a 15% – as festas respondem por cerca de 15% da receita da empresa no último trimestre. Na Perdigão, a expectativa é que o crescimento seja superior ao de 2006 – que foi de 6%. "O aumento da renda e do emprego vão elevar as vendas", diz Menezes.
É justamente o poder aquisitivo mais alto do brasileiro que faz a Sadia apostar este ano mais no peru que no "fiesta" (ave que substitui o peru). Fonseca diz que tradicionalmente o foco na promoção de vendas é maior no "fiesta", e neste ano será de forma igual. "O peru é a ave símbolo do natal e o brasileiro agora tem mais recursos", diz. De olho no mercado institucional, a empresa lançou kits com bolsas térmicas assinadas pela estilista Cris Barros. "Ficou com característica de presente de valor", acrescenta Fonseca. Na Pif Paf pela primeira vez foram feitos kits de final de ano – que incluem bolsas térmicas de 13 litros.
Como estratégia comercial e de marketing, a empresa também adequou suas embalagens com o tema natalino. A meta é vender 1.200 toneladas de produtos preparados especialmente para a ocasião. A Perdigão aposta na reestilização de suas embalagens, no lançamento da picanha suína e na lasanha de bacalhau. "Que surpreendeu no ano passado", segundo Menezes. Diferente da concorrente, a empresa acredita em vendas maiores do chester que do peru.