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Polêmica sobre milho parece longe do fim

<p>Pressionados por organizações não-governamentais ambientalistas, a Anvisa e o Ibama pediram a anulação da decisão da CTNBio, que liberou a comercialização do milho transgênico "Liberty Link", da multinacional Bayer CropScience.</p>

Redação (06/08/07) – O recurso administrativo ao Conselho Nacional de Biossegurança (CNBS, composto por 11 ministros de Estado), deve ser analisado assim que a Secretaria-Executiva do colegiado, convocar a reunião para avaliar a decisão da CTNBio, como previsto na nova Lei de Biossegurança. Por ordem da Justiça Federal do Paraná, a liberação do milho transgênico está suspensa até que a CTNBio crie regras de monitoramento pós-colheita e de coexistência com outros tipos de milho convencionais. 

Em documento enviado à Casa Civil, o Ibama alerta sobre os "graves impactos" à saúde e ao meio ambiente que podem ser gerados pelo produto. Os técnicos do Ibama apontam, em consonância com a decisão da Justiça, a falta de normas específicas para a avaliação de risco e de planos para a coexistência, além de alegar irregularidades processuais e a ausência de estudos de impacto ambiental realizados no país e de avaliações de risco sobre o novo produto da Bayer. 

A preocupação dos ambientalistas recai sobre o fato de o milho ter a polinização cruzada (o pólen de uma planta fertiliza a outra, só assim é possível o desenvolvimento de espigas). Como o pólen é levado pelo vento, é necessário definir um raio de distância entre a plantação transgênica e a convencional para evitar a polinização cruzada e a conseqüente contaminação de uma lavoura pela outra. O Ibama também sugere que a CTNBio rejeite processos em língua estrangeira, evite a "equivalência substancial" como critério único, leve em conta o princípio da precaução, inclua regras de coexistência e de monitoramento no parecer, exija a avaliação de riscos no Brasil e evite sigilo na avaliação de transgênicos comerciais. 

A Anvisa também enviou um documento contrário à liberação do milho transgênico, no qual afirma que o parecer técnico emitido pela CTNBio contém "estudos inadequados e insuficientes" para garantir a segurança alimentar do produto e para determinar os "riscos à saúde pública" do organismo geneticamente modificado. O órgão também indica irregularidades no processo, como a "insuficiência ou inexistência" de estudos toxicológicos ou de alergenicidade para comprovar a segurança do milho para o consumo humano. E afirma que a empresa deve esclarecer os efeitos do consumo do "Liberty Link" para a saúde humana, sobretudo em casos de amamentação. A preocupação recai principalmente sobre a presença da enzima PAT, contida no milho transgênico.