Redação (10/04/07) – Prevista para ser editada desde o início de março, a medida provisória que institui o fundo está parada na Casa Civil desde a semana passada, sofre forte oposição política do Ministério do Trabalho e algumas restrições técnicas no governo.
Comandado pelo presidente do PDT, Carlos Lupi, o Ministério do Trabalho resiste a aceitar as garantias oferecidas ao Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) em caso de inadimplência dos produtores. Na verdade, há uma disputa de bastidores entre o "padrinho" do fundo, o governador de Mato Grosso, Blairo Maggi (PR), e os sindicalistas que controlam o orçamento do FAT.
Parte do governo tem utilizado dois argumentos para barrar o fundo. O FAT não teria hoje recursos fluxo de caixa disponível para "aplicações adicionais" e já existem duas linhas para atender ao setor rural – o Giro Rural e o Giro Cooperativo. Além disso, afirma-se, houve um forte aumento nos pagamentos de seguro-desemprego e a criação de novas linhas de crédito com recursos do FAT em 2006.
Outra resistência técnica partiria do Citibank, que estaria receoso de assumir o risco de crédito em meio a possíveis mudanças nas regras pelo governo. Isso poderia prejudicar a percepção sobre o banco no mercado. Mesmo com a garantia de até 15% do total do Tesouro Nacional para as operações.
O Banco do Brasil, que analisou a carteira de crédito das indústrias de insumos, temeria a elevada concentração da renegociação em poucos produtores, já que o fundo beneficiará um grupo restrito, localizado sobretudo em Mato Grosso. Em meio a questionamentos de toda ordem, as indústrias ameaçam executar os produtores por via extra-judicial. O lobby ruralista entrou com força para evitar a derrubada do fundo. A decisão exigirá a intervenção do presidente Lula. (MZ)