Contratos reacendem em produtores esperança de honrar dívidas, diz Antônio Chavaglia, presidente da Comigo |
Redação (29/11/06) – Os produtores de soja de Goiás voltaram a negociar com as indústrias vendas antecipadas de soja a preços fixados, após dois anos de “embargo” pelas esmagadoras por conta da quebra de contratos em 2003.
“O preço atual da soja é rentável em relação ao custo de produção. Mas as indústrias ainda são muito seletivas no processo de negociação”, afirma Pedro Arantes, assessor de economia da Faeg. Os contratos de soja verde chegaram a financiar 80% da safra na região Centro-Oeste, mas nos últimos dois anos foram deixados de lado pelas indústrias. Na última safra, esse índice ficou em torno de 20%.
Em 2004, produtores pediram na justiça a revisão dos valores dos contratos firmados em 2003 após a explosão nos preços internacionais da commodity no ano seguinte. Centenas de ações passaram pelo Superior Tribunal de Justiça (STJ), algumas com sentenças favoráveis aos produtores e outras, favoráveis às indústrias.
Arantes observa que na ausência desse instrumento, produtores fazem troca de grãos por insumos ou aguardam a colheita para vender o produto no mercado.
Levantamento feito pela Agência Rural aponta que, até o dia 10, em torno de 45% da safra goiana de soja havia sido comercializada – via contratos a preços fixados, vendas antecipadas sem fixação e troca por insumos – , contra 14% em igual período do ano passado. Em todo o país, o índice era de 32%, ante 10% em novembro de 2005.
“A oferta de soja está menor, o que obriga as empresas a entrarem mais no mercado para garantir estoques”, diz Seneri Paludo, analista da Agência Rural. Ele observa que as indústrias estão mais seletivas na contratação da soja. “Mas o mais importante é que as vendas antecipadas voltaram a ocorrer.”
Segundo a Faeg, a área plantada em Goiás deve recuar 15% na safra 2006/07. No ciclo passado, houve redução de 6,4%, para 2,2 milhões de hectares. A produção, conforme a Secretaria de Agricultura do Estado, teve redução de 7,94%, para 6,018 milhões de toneladas.
Antônio Carlos Chavaglia, presidente da Cooperativa Mista dos Produtores Rurais do Sudoeste Goiano (Comigo), confirma a retomada dos contratos antecipados de soja a preços pré-fixados no Estado. “É um instrumento importante, que funcionou por 20 anos no Brasil. As empresas voltaram a negociar, o que é bom, porque com a garantia de preços os produtores estão mais esperançosos em honrar seus compromissos de dívidas”, afirma Chavaglia.
Cesar Borges, vice-presidente da Caramuru, diz que a empresa não tem feito contratos com preços pré-fixados, por conta dos problemas que enfrentou em 2003. A empresa prefere contratar parte dos grãos em troca de insumos.