Redação (22/11/06) – “Estamos no limite do que nossa estrutura logística permite entregar. Neste desespero por plantar atrasado, por ter também de importar insumos, o produtor vai querer pagar mais para quem consiga entregar o produto a tempo”, diz o diretor-executivo da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda), Eduardo Daher.
Segundo o executivo, a perspectiva sobre o volume de entregas para outubro, dado que será divulgado oficialmente nas próximas semanas, será acima de 3,2 milhões de toneladas de fertilizantes. “Se não for o recorde histórico será um recorde dos últimos anos”, diz Daher. Ele salienta, porém, que o volume não é tão mais alto, mas há uma concentração de pedidos.
Em outubro de 2005 foram 3,153 milhões de toneladas e em outubro de 2004 foram 3,150 milhões de toneladas. Segundo Daher, a indústria se surpreendeu. “Tínhamos como certo que os estados do Centro-Oeste não teriam de onde tirar dinheiro para plantar mais. Agora produtores estão aparecendo inclusive com dinheiro na mão”, completa. O encarecimento no preços dos insumos e também dos fretes pode chegar a 30% segundo levantou a Gazeta Mercantil. Embora não tenha um percentual de aumento fechado, Daher, da Anda, concorda com o encarecimento.
“Primeiro você compra agora à vista e não a prazo. O insumo que chega aos portos agora, atrasado, não utilizará um navio em época certa, que já vai carregado e volta com insumo, e sim um vazio, e pagará frete maior. Além disso, é uma situação de mercado na qual quem pode entregar rápido poderá cobrar mais”, diz
Plantar: tarefa difícil
Para o sojicultor de Nova Xavantina (MT), Eduardo Moura, o atraso na liberação de crédito pelo Banco do Brasil é o que mais causou o atraso na decisão de plantio. “Tenho colegas que só conseguiram pegar o dinheiro na semana passada. E agora? Não basta decidir plantar, é preciso correr atrás de matéria-prima”, diz.