Redação (10/11/06) – Do faturamento total de R$ 3,2 bilhões obtido pela Sadia no mercado doméstico nos três primeiros trimestres de 2006, 80% vieram dos industrializados, que incluem produtos congelados, resfriados e margarinas. Em igual intervalo de 2005, quando as vendas somaram R$ 3 bilhões, a fatia foi de 79%.
Segundo dados divulgados na quarta-feira em encontro da direção da empresa com analistas do mercado financeiro, em São Paulo, em termos absolutos o valor dessas vendas subiu 5,5% na comparação entre os períodos de janeiro a setembro, enquanto o volume registrou incremento de 10,2%.
No mercado externo, frente que rendeu faturamento total de R$ 2,4 bilhões nos primeiros nove meses deste ano, a participação dos industrializados chegou a 11%, ante 10% em 2005, quando as vendas até setembro renderam R$ 3,1 bilhões. Neste caso, entretanto, o valor dos embarques recuou 17,6%, enquanto o volume teve retração de 17,4%.
Além de normalmente apresentarem margens melhores, os industrializados compõem um escudo importante para a empresa também no exterior, sobretudo pelas desconfianças dos consumidores em caso de crises sanitárias envolvendo carnes. Foi a queda de consumo de carne de frango na Europa no primeiro semestre, depois da descoberta de casos da gripe das aves naquele continente, que derrubou as exportações brasileiras e pesou para os piores resultados consolidados da Sadia e outros concorrentes até setembro.
“Avançar em industrializados significa, entre outros pontos, proteção contra crises [sanitárias] futuras”, reconhece Welson Teixeira Júnior, diretor de relações com investidores da Sadia. Segundo ele, também por conta dessa estratégia os investimentos da empresa foram mantidos em 2006, apesar das dificuldades. Já foram aplicados praticamente R$ 800 milhões, e até dezembro outros R$ 100 milhões deverão ser investidos.
Esses aportes incluem a nova fábrica da companhia na Rússia e o complexo industrial que está sendo erguido no Mato Grosso. Em ambos, os industrializados são destaque e reforçarão a oferta e os lançamentos da Sadia no segmento – lançamentos que, no total, caíram para apenas 27 até setembro de 2006, ante a média de 62 observada entre 1998 e 2005.
Ao manter os investimentos – e ver seu fluxo de caixa em geral minguar sobretudo no primeiro semestre -, contudo, a empresa elevou seu endividamento a níveis que preocuparam os analistas.
Com o cenário adverso especialmente no primeiro semestre, a dívida líquida da Sadia alcançou R$ 1,236 bilhão em setembro último, e sua relação com o patrimônio líquido chegou a 53,1% no terceiro trimestre. O limite fixado pelo conselho para essa relação é 50%, respeitado com folga de 2002 a 2005. Já a relação dívida líquida/Ebitda ficou em 2,1%, acima do teto de 2% determinado pelo conselho e respeitado desde 2001. (FL)