Redação (27/10/06) – A área ocupada pela cultura deverá ter um pequeno acréscimo em comparação com a última safra. A área de soja, principal produto da região, permanecerá a mesma, e a de algodão terá o avanço mais significativo.
Segundo o primeiro levantamento sobre a nova safra feito pela Associação de Agricultores e Irrigantes da Bahia (Aiba), a área ocupada pela soja manterá os 870 mil hectares e o milho passará de 130 mil para 136 mil hectares. O algodão avançará dos 214 mil hectares plantados no último ciclo para 250 mil. A pesquisa da entidade foi concluída na quarta-feira e deverá ser publicada na próxima semana.
Usualmente, o milho é plantado no fim de outubro, mas foi antecipado para aproveitar melhores condições de umidade do solo, que pontencializam a ação de herbicidas e melhoram a circulação de seiva na planta, afirma Sérgio Pitt, vice-presidente da Aiba.
A média registrada nos meses de outubro na região é de precipitações que somam entre 70 e 80 milímetros. Em outubro deste ano, o volume chegou a 300 milímetros. Se, em princípio, as chuvas podem ajudar no desenvolvimento inicial da área de milho, elas também geram especulações pessimistas sobre o que pode acontecer no restante da safra. “Não é normal chover tanto assim em outubro. A tendência agora é de o tempo abrir, e já tem gente pensando se não vai faltar chuva lá na frente”, afirma.
A desconfiança com as condições climáticas no oeste da Bahia ocorre após a série de reveses da última safra. No mesmo ciclo, os produtores da região enfrentaram seca e chuvas em demasia. Em janeiro, nos pontos em que foi mais severa, a estiagem estendeu-se por 37 dias. Depois, de março a abril, o excesso de chuvas atrasou a colheita da soja e afetou o baixeiro do algodão, parte da planta onde ficam as primeiras plumas aptas à colheita.
“O próximo ano vai ser um pouco complicado porque terá ação do El Nio. [O fenômeno] não chega a atingir a região diretamente, mas sempre tem alguma influência. Podemos ter um veranico, uma estiagem em janeiro”, diz o agrônomo Rafael Gatti Perez, da Plasteca, empresa que presta consultoria técnica a agricultores do oeste da Bahia. Somados, os clientes da empresa têm 80 mil hectares plantados.
O cenário de preço desfavorável da soja levará parte dos produtores a financiar o plantio do grão com os recursos originados do algodão, diz Sérgio Pitt, da Aiba, o que explica, em parte, o aumento da área ocupada pela oleaginosa. “Em geral, quem está com algodão está um pouco mais estruturado”, argumenta. “E, ao contrário do que ocorre com a soja, no algodão se consegue alavancar recursos com contratos no mercado futuro”.
A expectativa dos agricultores do oeste baiano é de que a taxa de câmbio fique situada entre R$ 2,15 e R$ 2,20 por dólar em meados de abril, época da colheita. Para o fim de 2007, a projeção é que alcance R$ 2,25, em média. “Mas o ideal seria o dólar a R$ 2,45. Nesse patamar, nós andamos bem”, diz Pitt.