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Brasil atrai aplicação em alimentação animal

<p>O Brasil foi escolhido por grandes empresas internacionais para ser um dos principais centros mundiais de desenvolvimento da alimentação animal.</p>

Redação (11/10/06) – A Merial, uma das líderes globais do setor de saúde animal, incluiu entre suas prioridades a codificação genética que permite detectar a deficiência alimentar do gado bovino. Com isso, será possível determinar se o animal tem deficiência de cálcio, por exemplo, e a partir daí passar a fornecer a alimentação ideal para que o animal se torne mais resistente e rentável.

Outra empresa focada em saúde e nutrição animal que está investindo em tecnologias para melhorar a alimentação animal em segmentos como a pecuária é a norte-americana Kemin Industries, que chegou ao Brasil há dois anos. Especializada em fornecer soluções químicas para as fabricantes de rações, a empresa centralizou no País a pesquisa e desenvolvimento de novos produtos para a América do Sul. A Kemin considera o continente como a região de maior potencial do mundo para fornecimento de proteína animal e vegetal.

Investimento em genética

Na Merial, o trabalho relacionado à alimentação animal é uma das prioridades do Projeto Igenity, de genética veterinária, do qual o Brasil tornou-se o foco, depois que o programa foi iniciado há três anos nos Estados Unidos e no Canadá. O País se transformou em prioridade da Merial para o projeto, com a mobilização de mais de 600 funcionários direta e indiretamente. Desde sua criação, foram investidos mais de 2 bilhões de dólares na iniciativa.

O projeto é baseado na análise do DNA, feita a partir da amostra biológica, como o pêlo colhido da cauda do animal. Com isso é possível determinar o potencial genético do bovino, o que chamamos de marcadores moleculares, diz Henry Berger, gerente-geral do projeto.
Até agora, a empresa identificou 96 marcadores. Até 2008, a Merial pretende alcançar a marca de 300. Atualmente, os estudos estão sendo feitos no Brasil e na Argentina em mais de 5 mil bovinos de corte e outros 3 mil de leite das raças Nelore, Gir e cruzados. Cada marcador determina uma característica específica do animal, como coloração de pelagem, produção de leite, gordura e proteína, longevidade produtiva, maciez da carne, peso de carcaça, entre outros.

Segundo o executivo, nos próximos 12 meses os esforços serão concentrados em conseguir codificar marcadores que definam características de fertilidade, deficiência nutricional e resistência a doenças. Com essa tecnologia disponível, o pecuarista terá maior produtividade, uma vez que saberá quais são os melhores exemplares do seu rebanho, afirma ele. A previsão é de que os marcadores moleculares sejam comercializados no final do primeiro semestre de 2007. Já temos 260 clientes à espera, diz Berger. No ano passado, a Merial faturou mais de 2 bilhões de dólares no mundo todo, dos quais 260 milhões de dólares no Brasil.

A Central Genética Bela Vista, localizada em Pardinho, interior de São Paulo, é outra empresa que aposta na codificação do DNA bovino como fonte de negócios.

Em parceria com a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e a Universidade Estadual Paulista (Unesp), a companhia já identificou 22 mil genes, o equivalente a 80% do genoma do nelore, única raça que o programa avalia.

Nos próximos cinco anos, o Brasil será o maior exportador de genética bovina do mundo, diz Maurício Nabuco, gerente-geral da Bela Vista. O entusiasmo com o Brasil é compartilhado pelas empresas estrangeiras (leia detalhes nesta matéria), principalmente no que se refere ao aperfeiçoamento com o uso de genética.

Desde 2003, a Bela Vista investe no chamado Projeto Genoma Funcional Bovino. De lá para cá, foram gastos mais de 4,5 milhões de reais em seqüenciamento genético, análise de campo, coleta e certificações. Entre as descobertas, o executivo destaca o marcador que define quais animais são mais ou menos resistentes ao carrapato. Ainda segundo Nabuco, o objetivo da Bela Vista é de investir mais 2 milhões de reais até o término do projeto, que deve ocorrer em junho do ano que vem, quando se iniciará a comercialização da tecnologia.

Produção em dobro

A norte-americana Kemin já fabrica no Brasil nove produtos para nutrição animal e o crescimento do portfólio deverá justificar uma ampliação fabril em breve, segundo o presidente da empresa para a América do Sul, Ricardo Pereira.

Até o final de 2007, acredito que teremos que duplicar a nossa unidade para atender o crescimento da demanda e novos mercados, afirmou Pereira.

A Kemin deve fechar 2006 com um faturamento de US$ 3,5 milhões no Brasil, 35% acima de 2005. O valor é pequeno se comparado à receita mundial do grupo, de US$ 250 milhões, mas Pereira vê no Brasil um interesse estratégico para a companhia.

Nós nos instalamos na América do Sul para acompanhar o crescimento da agropecuária da região, que tem o maior potencial de fornecimento de proteína animal e vegetal do mundo, afirma ele, que espera manter o crescimento na casa dos 40% para 2007.

O primeiro produto que está sendo desenvolvido na planta de Indaiatuba, no interior paulista, é um antioxidante para as farinhas animais utilizadas na alimentação de salmões no Chile.

Em visita aos aqüicultores chilenos, percebemos essa demanda porque a maior parte das farinhas se oxidava, ficando rançosa com facilidade, explica Ricardo Pereira.

Entre os produtos patenteados pela Kemin no mundo estão um grupo de bacilos que impede a reprodução da salmonela nos intestinos dos animais e um aditivo alimentar que confere cor mais amarelada à gema e à pele de aves.

No ano passado, 54 patentes foram geradas pelos pesquisadores da empresa no mundo.

Além de nutrição animal, a Kemin trabalha com aditivos para alimentos humanos e está iniciando uma divisão farmacêutica com um produto que combate a degeneração da mácula, uma parte do olho humano.
Essa substância foi encontrada no pigmento utilizado para colorir as gemas e peles de frangos e já é vendido para a indústria de polivitamínicos humanos.