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Influenza Aviária e Newcastle

<p>Um bate-papo com o veterinário Alberto Back sobre as doenças e sobre as medidas sanitárias da avicultura adotadas no Brasil.</p>

Redação (18/08/06)- O médico veterinário Alberto Back, especialista em doenças avícolas e único brasileiro a integrar o OFFLU, rede internacional da OIE/FAO (veja entrevista abaixo), afirma que o registro do foco de Newcastle no município de Vale Real (RS) não mostra que há fragilidades no sistema de defesa sanitária do Brasil. Ao contrário, demonstra sua eficiência. Os procedimentos adotados pelas autoridades sanitárias do País foram corretos. O foco ficou restrito ao local de origem, não passando para as aves comerciais. A nossa indústria tem sistemas de isolamento e padrões de biosseguridade. Este episódio mostra que o Plano Nacional de Sanidade Avícola, ao menos na região Sul, está funcionando, afirma.

O especialista, no entanto, ressalta que é preciso maior rapidez no diagnóstico. Neste caso específico foram quase dois meses entre coleta e a oficialização do resultado. Esse período, para uma avicultura do tamanho e da qualidade da brasileira e, sobretudo, pela importância da atividade para o País, é um tempo muito grande. É preciso investimento para agilizar o diagnóstico.

Segundo Back, focos de enfermidades eventualmente são registrados, mesmo diante dos esforços do setor privado e público para que ele não ocorra. Não gostaríamos que isto acontecesse, mas não se trata de uma surpresa num País de dimensões continentais. Conhecemos o vírus de Newcastle e sabemos que as aves silvestres convivem com ele sem manifestar sinais da doença e, portanto, podem ser uma fonte transmissora, explica. É importante enfatizar que o registro da doença não se deu numa propriedade industrial e sim em aves de fundo de quintal. A indústria e o governo vêm trabalhando para que esse vírus não atinja as aves comerciais e têm obtido sucesso.

 

Acompanhe a entrevista que a Redação do Avicultura Industrial fez com o Dr. Aberto Back:

 

Avicultura Industrial – O senhor poderia explicar como funciona e quais os objetivos desta rede internacional de especialistas em Influenza Aviária criada pela OIE/FAO que o senhor integra?

 

Alberto Back – Essa rede foi criada pela OIE e pela FAO para difundir informações e conhecimentos sobre Influenza Aviária produzidos em diversas partes do mundo e também para promover um intercâmbio de comunicação entre os pesquisadores. Essa rede quer que todo conhecimento sobre Influenza Aviária seja compartilhado no mundo científico envolvido com a avicultura. O objetivo dessa rede é promover a troca de informações científicas do conhecimento sobre Influenza Aviária que estão sendo geradas nas diferentes partes do mundo. Essa rede também dá suporte técnico para aqueles países que têm deficiência e também dá suporte para a Organização Mundial de Saúde no controle da Influenza Aviária e nessa conexão que existe entre o animal e o homem.

 

AI – O avanço pela Europa do H5N1 parece ter diminuído, apesar de casos recentes na República Tcheca. Eles voltam a se concentrar na Ásia. A que o senhor atribui este recuo?

 

AB – Eu não acredito que tenha havido um recuo. Houve uma divulgação de vários casos de Influenza Aviária na Europa, mas se observarmos mais atentamente o que aconteceu, a maioria dos casos registrados foi em aves silvestres. Então o isolamento do vírus aconteceu, mas essas aves não tiveram contato com as aves comerciais. Só que na Ásia o vírus está difundido de uma maneira tão ampla que ainda acomete aves comerciais. É importante observar que o sistema de criação de aves comerciais na Ásia na maioria dos países do continente não em todos facilita a difusão do vírus de Influenza Aviária.

 

AI – Era um fato consumado que para afetar seres humanos o vírus da Influenza Aviária tinha que necessariamente infectar suínos, sofrer nova mutação, para, enfim, infectar o homem. Em 1997, foi registrada a primeira transmissão direta de aves para humanos em Hong Kong, durante um surto. Isto pode ser considerado uma mutação inédita do vírus?

 

AB Sim. Primeiro havia uma hipótese de que o suíno era o animal que necessariamente teria que fazer essa mistura de vírus. Em tese, o vírus da ave infectaria o suíno que simultaneamente se infectaria com o vírus humano gerando um terceiro tipo de vírus, o chamado vírus recombinante. Essa era uma hipótese, uma observação que tinha sido feita, mas que os recentes surtos na Ásia trataram de desmentir. Em vários países asiáticos os vírus se difundiram entre as aves e não afetaram suínos.

Até 1997, não havia nenhuma evidência de que o vírus de Influenza de aves pudesse ser transmitido diretamente para humanos. Desde então essa transmissão vem acontecendo numa freqüência extremamente baixa, mas está acontecendo. O fato é que ocorreu uma adaptação do vírus. Não resta mais dúvida de que o vírus se adaptou a humanos de uma forma muito fraca, muito frágil, mas que se adaptou ao ser humano. Isso é um fato novo e a comunidade científica está acompanhando essa adaptação de perto. Por enquanto essa adaptação é muito frágil e é por isso que existem poucas pessoas infectadas mas se no futuro isso vier a ocorrer uma nova alteração talvez essa adaptação seja mais rápida, mais ágil, e aí se transmita entre seres humanos de forma direta.

 

AI – A OMS confirmou em junho deste ano a suspeita de que o vírus H5N1 sofreu uma mutação que o tornou transmissível de uma pessoa para outra. A suspeita surgiu depois que sete membros de uma mesma família morreram de gripe aviária em maio, num vilarejo no norte da  ilha de Sumatra, na Indonésia. Como o senhor analisa esse caso? 

 

AB Essa é uma questão preocupante porque se tem uma coisa que não queremos é que esse vírus se adapte ao homem, ou seja, que se torne transmissível entre seres humanos. Ainda não há evidências suficientes para afirmar com toda certeza que isto esteja ocorrendo. O que aconteceu é que o vírus se transmitiu entre pessoas apenas um grupo muito pequeno. Essa é uma primeira evidência que a OMS mostra de que o vírus está sendo transmitido de uma pessoa para outra. Porém, trata-se de uma ocorrência muito restrita. A comunidade científica está observando esse caso com muito cuidado e apreensão, pois não queremos que esse vírus sofra essa mutação e torne-se transmissível entre humanos. Mas, sem dúvida, esse caso já é um sinal de uma pequena transformação.

             

AI – Na opinião do senhor esse fato aumentaria o risco de uma pandemia de Influenza Aviária?

 

AB Não tenho dúvida que sim. Mas até agora as alterações que vírus sofreu não são suficientes para desencadear uma pandemia. Trata-se de um caso isolado, felizmente não chegamos a esse estágio. Estamos num pré-estágio de uma pandemia que eventualmente poderá acontecer, como também não acontecer.

 

AI Na opinião do senhor, devido às características de produção de aves na Ásia, o continente conseguirá controlar plenamente o H5N1?

 

AB Não. As características de produção da Ásia não permitem o controle pleno do vírus. É importante esclarecer que a criação industrial de aves poderá ser protegida. A criação comercial de aves poderá ser estruturada e organizada de maneira a se proteger do vírus. Agora, num espaço curto de tempo, para os próximos anos, não será possível eliminar esse vírus do continente asiático. Esse vírus é endêmico nas aves silvestres e difundido nas aves de fundo de quintal. Então eliminar o vírus ou diminuir o risco de contaminação das aves a um patamar mínimo é quase impossível. Agora, eliminá-los das aves comercial é plenamente possível através da montagem de sistemas eficientes de biosseguridade, sistemas de isolamento, dentro outras medidas.

 

AI – As aves aquáticas são portadoras naturais do vírus da Influenza Aviária, às vezes de baixa ou alta patogenicidade, porque não eram afetadas e passaram a ser?

 

AB As aves aquáticas são geneticamente menos evoluídas quando comparadas às aves comerciais e convivem com o vírus há muito tempo. Trabalhos científicos feitos há muitos anos demonstram que essas aves vivem em equilíbrio com o vírus de Influenza. O vírus quando infecta as aves aquáticas apresenta uma mortalidade muito pequena e na maioria das vezes essas aves não manifestam nem sinais clínicos da doença. A mudança ocorre quando esse vírus que está adaptado nas aves silvestres passa para as aves comerciais. As aves comerciais não têm a mesma estrutura genética das aves silvestres. É bem provável que o nosso sistema de criação, com alto número de aves confinadas numa pequena área, com alta densidade de aves por metro quadrado, favoreça a multiplicação e a disseminação do vírus aliado ao melhoramento genético que tenha sido feito nas aves comerciais que por sua vez possa facilitar a multiplicação e a manifestação mais agressiva do vírus.

 

AI – Qual a opinião do senhor sobre a vacinação preventiva em países não afetados pela doença?

 

AB Não há evidências claras de esse tipo de vacinação traga benefícios. A Influenza Aviária de alta patogenicidade é tão letal para as aves que a indústria não pode conviver com ela, a doença tem que ser erradicada. Então, em caso de surgimento do primeiro surto é melhor eliminar as aves do que esperar que o vírus se difunda. Ao se optar pelo uso da vacina muitas vezes o vírus pode entrar e se disseminar no país e/ ou na região, mesmo em aves vacinadas. É por isso que a comunidade científica entende que num país onde a doença é exótica e que o risco é baixo não se deve usar vacina, ao menos as que existem no mercado atualmente. É possível que no futuro existam algumas vacinas modificadas que possam ser utilizadas. Mas hoje é preferível não utilizar vacinas.

 

AI – O Instituto Butantan tem iniciado pesquisas para a produção de vacina. Qual a importância disto para o País?

 

AB Essa é uma medida de grande importância. O Brasil é um país grande, com uma grande população e que precisa estar promovendo investigações, que precisa se estruturar e ser capaz de produzir sua própria vacina. O trabalho que o Instituto Butantan está desenvolvendo é muito bom, mas é preciso ressaltar: é voltado para humanos. O início dessa pesquisa vai nos possibilitar ter o domínio dessa tecnologia, o que além de muito benéfico para vai significar uma economia para o País já que hoje o Brasil importa a vacina. Anualmente o Ministério da Saúde coleta amostras em diferentes partes do País, identifica os vírus existentes, manda essas informações para o exterior e recebe dos laboratórios uma vacina adequada para nossa realidade.

Em paralelo a isso, como teremos que desenvolver tecnologia e pesquisas para continuar fazendo essa vacina, todo esse trabalho nos capacita a estar mais preparados para produzir vacinas contra Influenza.

Além disso, o Instituto Butantan também vai fazer 20 mil amostras de vacina com o vírus H5N1 que seria para imunizar pessoas. Será produzida uma pequena quantidade de vacinas para humanos, mas com o vírus proveniente das aves. São duas coisas distintas então: primeiro a parte de humanos, na qual o Brasil vai se tornar auto-suficiente e independente ma produção de vacinas e também isso nos ajuda a adquirir uma base, uma infra-estrutura para que se eventualmente precisarmos desenvolver vacinas para as aves já tenhamos conhecimento prévio. Ao mesmo tempo o Butantan vai produzir uma pequena quantidade de vacina humana com o vírus das aves para que tenhamos essa tecnologia, essa informação que nos ajudará na eventualidade de uma emergência.

 

AI – Os subtipos H5N1, H7N7 (que afetou a Holanda) e o H9N2 são considerados de alta patogenicidade. No entanto, apenas o H5N1 parece estar em atividade. Como somem ou podem ressurgir estes outros subtipos?

 

AB Existe uma classificação dentro desses vírus de Influenza que acometem as aves com aproximadamente 144 tipos de vírus já identificados. Destes 144 vírus apenas dois são considerados de alta patogenicidade. São eles, o H5N1 e o H7N7. Já existem evidências claras de que esses dois tipos de vírus de Influenza têm capacidade de matar a maioria das aves. Existem outros tipos de vírus que apresentam baixa patoginicidade ou que são apatogênicos ou mesmo que têm uma patogenicidade intermediária. Nesse grupo de patogenicidade intermediária – se encaixa o subtipo H9. Estamos acompanhando o que está acontecendo com esse subtipo pelo mundo, mas ainda não o consideramos de alta patogenicidade. Por que o subtipo H5 é considerado predominante? Se olharmos os últimos surtos de Influenza Aviária pelo mundo a predominância é do H5, mas também nos últimos 50 anos têm acontecido surtos tanto com o H5 como com o H7. Só que por uma razão que ainda não está muito clara para a comunidade científica o H5 tem se difundido muito rapidamente. Ocorreram alguns focos que se multiplicaram e hoje o H5 é um subtipo que está mais prevalente que outros vírus.

 

AI – Subtipos menos virulentos da Influenza Aviária podem chegar ao Brasil, levando inclusive a demora de um diagnóstico, já que a sintomatologia poderia ser inicialmente confundida com outras doenças respiratórias? Qual o risco para a produção avícola neste caso?

 

AB Alguns dos vírus de baixa patogenicidade de Influenza Aviária já existem no Brasil há muito tempo em diferentes espécies animal. Encontramos vírus de baixa patogenicidade em suínos e mesmo em aves migratórias. Os vírus de baixa patogenicidade são encontrados na indústria avícola no mundo todo praticamente. A existência desses vírus de baixa patogenicidade não representa risco. O que se deve fazer é monitoramento contínuo desses vírus para saber quais são os subtipos encontramos por aqui. O que preocupa é que tanto o vírus H5 quanto o H7 têm a possibilidade logo que passam das aves silvestres para as comerciais de se manifestarem como vírus de baixa patogenicidade causando uma doença respiratória branda podendo ser confundido com outras doenças. E depois de algumas passagens ele adquire alta patogenicidade. Então, é importante que se monitore, que se conheça quais os vírus que estão circulando no País ou na região para que se caso se detecte o H5 ou o H7 nessa forma de baixa patogenicidade o controle seja feito antes que ele adquira alta patogenicidade.

 

AI – Na opinião do senhor qual seria a principal porta de entrada para o ingresso do vírus da Influenza Aviária no Brasil? Em outras palavras: qual a principal fragilidade da avicultura brasileira para a entrada do vírus da Influenza Aviária?

 

AB O vírus de Influenza Aviária, tanto o H5 como o H7, podem ser trazidos para uma determinada região como a nossa, em que ele é exótico, de várias maneiras. Observando o que tem acontecido no mundo vemos que as aves silvestres as chamadas aves migratórias – são um bom veículo de disseminação do vírus. Essa é uma possibilidade de entrada do vírus que não pode ser ignorado. A importação de aves silvestres de forma clandestina é outra porta de entrada do vírus no Brasil. Essas aves não passam pelo sistema de vigilância do Ministério da Agricultura, que investiga sua origem, que impõe um período de quarentena etc. Essas aves que ingressam no País sem esses cuidados mesmo aparentando estarem sãs podem eventualmente transmitir o vírus aqui dentro do Brasil. O vírus também pode se transmitir na carcaça das aves, em produtos derivados da carne das aves. Por esse motivo o Governo Federal está hoje monitorando a importação de aves vivas, de aves silvestres e aí se incluem aves para zoológicos, aves de companhia e também de produtos industrializados de aves. O Ministério da Agricultura e a indústria de aves estão preocupados com as aves migratórias que estão sendo rigorosamente monitoradas.

 

AI – O senhor acredita que o Plano Nacional de Prevenção à Influenza Aviária, que caminha para ser implantado no País, tem condições de conter o avanço da doença no País, caso surja um foco?           

 

AB Somente o Plano não tem condições. O Plano precisa estar aliado com ações da indústria e das associações de classe do setor. É preciso um esforço conjunto do Governos Federal e Estaduais, da iniciativa privada e associações de classe. É preciso trabalhar em parceria para garantir a perfeita implementação e execução do Plano que possui um conjunto de medidas que se postas em prática contribuirão para evitar a entrada da Influenza Aviária no Brasil. E no caso da entrada, promoverão o pronto controle da Influenza. Ainda há muito a fazer. É preciso enfatizar, no entanto, que avançamos muito nos últimos anos no que se refere a proteção da avicultura brasileira. Nos últimos três anos progredimos muito no conhecimento da enfermidade no mundo e também aqui no Brasil. A indústria está se preparando para evitar a entrada da doença em território brasileiro, o governo está contribuindo, mas ainda temos fragilidades já que o Plano Nacional é bom, mas em muitos Estados brasileiros ele é apenas um projeto, ou seja, em muitos Estados ele ainda não foi implementado ou implementado de maneira deficiente. O Plano precisa ser implementado de maneira mais ampla, ele ainda está restrito a alguns Estados, a algumas regiões do País.

 

AI – A avicultura brasileira registrou recentemente um novo foco da Doença de Newcastle. A ocorrência da enfermidade acontece justamente quando o País se prepara para evitar a entrada da Influenza Aviária. O registro desse episódio sanitário evidencia a fragilidade do sistema de defesa sanitária nacional? Como o senhor analisa esse caso?

 

AB – O Brasil e a iniciativa privada estão trabalhando para que isso não aconteça, mas eventualmente enfermidades são registradas. Não gostaríamos que isso acontecesse, mas não se trata de uma surpresa, já que o Brasil é um País de dimensões continentais. Conhecemos o vírus de Newcastle e sabemos que as aves silvestres convivem com ele sem manifestar sintomas da doença e, portanto, podem ser uma fonte transmissora. Eventualmente esse vírus tem sido isolado em aves silvestres. O Ministério da Agricultura em seu trabalho de monitoria tem mostrado, em diferentes partes do Brasil, a presença do vírus. A indústria e o governo vêm trabalhando para que esse vírus não atinja as aves comerciais e o vírus da Newcastle está controlado no Brasil. É importante enfatizar que o registro da doença não se deu numa propriedade industrial e sim em aves de fundo de quintal.

O registro desse foco não demonstra a fragilidade do sistema de defesa sanitária do Brasil. O foco foi detectado em aves de fundo de quintal e, pelo contrário, essa ocorrência demonstra a eficiência do nosso serviço de defesa sanitária. Os procedimentos adotados pelas autoridades sanitárias do País foram corretos. O foco ficou restrito ao local de origem, não passou para as aves comerciais. A nossa indústria tem sistemas de isolamento, padrões de biosseguridade, e esse foco ficou restrito as aves de fundo de quintal. Isso mostra que o Plano Nacional de Sanidade Avícola, ao menos na região Sul, está funcionando e deu resposta. O que é preciso melhorar é a rapidez do diagnóstico. Nesse caso especificamente, foram quase dois meses entre a coleta da amostra e a oficialização do resultado. Esse período, para uma avicultura do tamanho e da qualidade da brasileira, e sobretudo pela importância da atividade para o País, é um tempo muito grande. É preciso investimento para agilizar o diagnóstico.