Redação (14/08/06)- A Europa alerta que o Brasil continuará a ser ameaçado por barreiras no comércio enquanto mostrar falhas em seu sistema de defesa sanitária na produção de alimentos, como carnes, frutas e legumes. Os veterinários da União Européia (UE) iniciam nesta semana, em Bruxelas, uma avaliação detalhada de toda a situação fitossanitária do País e deram até o final do mês para que o governo brasileiro apresente mais informações do que está fazendo para implementar um plano de controle no País.
“A Comissão Européia está pedindo ao Brasil que fortaleça seu controle de resíduos. Se os problemas não forem adequadamente lidados, existe a possibilidade de que certas importações sejam suspensas no futuro”, afirmou Haravgi-Nina Papadoulaki, porta-voz do Departamento de Saúde do Consumidor da UE.
O Brasil e a UE debatem o assunto há meses e Bruxelas chegou a ameaçar o País com a imposição de um amplo embargo. Há pouco mais de um mês, o governo enviou um comunicado aos europeus detalhando o plano de controle de resíduos, como havia sido pedido por Bruxelas. Diante da resposta brasileira, os europeus optaram por não aplicar as sanções por enquanto e aceitaram continuar debatendo o plano para carne bovina e frango.
Mas as autoridades européias estão sendo mais cautelosas. Enquanto avaliam internamente cada setor agrícola do Brasil, pedem mais explicações e detalhes sobre o plano. O que elas querem é que o governo brasileiro mostre que é capaz de fazer um monitoramento de resíduos que garanta segurança alimentar equivalente ao que exige a lei européia.
Fora do mercado – Na semana passada, por falta de um plano de controle, a Europa anunciou que carnes de porco, de cabra, carneiro e leite deixaram de fazer parte dos produtos que podem ser exportados pelo Brasil. Para que um produto seja incluído na lista dos permitidos, os europeus exigem que haja um plano de controle fitossanitário para cada setor.
“Recomendamos que o Brasil melhore seu sistema de monitoramento e controle para commodities que atualmente não estão sendo exportadas para a Europa, mas que podem vir a ser no futuro. Isso pode evitar problemas caso esses produtores sejam exportados para a UE”, explicou a porta-voz do Departamento de Saúde do Consumidor da Europa.
Enquanto as autoridades européias insistem na necessidade de se fortalecer o controle da produção brasileira, o lobby agrícola nos países da Europa pega carona no problema para tentar barrar produtos brasileiros. Entidades de classe da Europa enviaram cartas às autoridades de Bruxelas pressionando para que sanções fossem tomadas contra o Brasil. Sem ter como competir em termos de preço com a produção brasileira, o setor privado europeu encontrou nas falhas fitossanitárias do País uma brecha para pedir a proteção de barreiras. Para 2007, a Europa já planeja uma nova vistoria completa da produção de alimentos no País.