Redação (20/07/06) – O aporte foi motivado por um acordo de venda de parte da produção para a Perdigão, negociado no fim do ano passado.
Segundo João Carlos Di Domenico, presidente da Coocam, o grupo obteve financiamento via Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo-Sul (BRDE) para 80% dos gastos, e os 20% restantes estão sendo bancados pelos cooperados. Segundo ele, a expectativa é que a produção alcance 1.200 toneladas por dia já no início das operações da unidade, previsto para novembro. No médio prazo, a capacidade total de produção será de 1.800 toneladas.
A fábrica fará ração peletizada (um processo pelo qual ela fica granulada, e não farelada) e nasce com um cliente de porte, a Perdigão, por um prazo determinado – que Di Domenico prefere não revelar por considerar estratégico para os negócios. Em princípio a oferta da Sadia para comprar a Perdigão não deverá atrapalhar este acordo, uma vez que a Perdigão já informou que suas atividades seguirão em ritmo normal até que a negociação seja definida.
Trata-se do primeiro grande investimento industrial da Coocam, que até agora manteve o foco em armazenagem, produção e venda de grãos. Com a fábrica, a cooperativa visa dar vazão à produção de milho, soja e outros grãos produzidos na região para elevar a renda dos cooperados, que vêm sofrendo com estiagem e queda de preços.
De acordo com a Epagri-Cepa, os preços de milho e soja estão em queda em Santa Catarina. No ano passado, a saca de 60 quilos de milho era comercializada a R$ 15,40 no oeste catarinense. Hoje, está em torno de R$ 13 – declínio de 11%. Já a soja cai 12% na mesma relação, de R$ 30 para R$ 26.
“A fábrica de ração não será um negócio da China em lucratividade, mas será melhor”, afirma Di Domenico, preferindo não citar números. “Ao menos temos um parceiro garantido para a compra”, acrescenta. Segundo ele, esta é a primeira parceira da cooperativa com a indústria de alimentos. Antes dela, o relacionamento comercial da Coocam com a Perdigão se dava só por alguns sócios da cooperativa, que vendiam à indústria ovos para incubação.
As conjunturas no segmento de suínos, com a comercialização abalada sobretudo pelo embargo russo – decorrente do ressurgimento da aftosa no país -, e no ramo de aves, que sofre com a queda das exportações para a Europa, não são encaradas pelo grupo como uma barreira ao novo negócio. Di Domenico explica que se trata de um investimento de longo prazo, e que a fábrica de ração continua sendo o primeiro passo para um projeto maior de produção de suínos pela própria cooperativa, que poderá se tornar fornecedora para a mesma Perdigão. Alguns cooperados da Coocam já produzem suínos, mas o carro-chefe da cooperativa ainda são os grãos.