Redação (18/07/06) – Significa que haverá um grande avanço dessas cultivares geneticamente modificadas em detrimento das convencionais? Não é bem assim, de acordo com opiniões manifestadas por especialistas, e pelos próprios produtores, às vésperas do plantio da nova safra. Na região de Ribeirão Preto, onde mais se cultiva soja no Estado de São Paulo, o plantio começa em outubro, com a perspectiva de que haverá mais procura pela transgênica, mas sem a intensidade que se anunciava quando do aparecimento dessa nova alternativa. Não vou mexer com isso, não, expressa o produtor Moacir Bocalon, de Nuporanga. Pelo menos, não por enquanto, acrescenta. Quem se manifesta no mesmo sentido é Hélio Silva, de Sales Oliveira.
Já Sebastião Augusto Machado, paulista desta região com propriedade em Santa Juliana, no Triângulo Mineiro, diz que realizou experimentos em áreas representativas e, com base nos resultados, decidiu que plantará mais soja transgênica do que a convencional, enquanto seu irmão, José Mário Machado, prefere continuar apenas com a convencional, ele que também fez testes comparativos.
Pesquisa
Sul de Goiás lidera lavoura Para o gerente do Departamento de Produção de Sementes da Carol (Cooperativa dos Agricultores da Região de Orlândia), José André Pazetto, o sul de Goiás é um importante mercado, segundo indicam pesquisas feitas junto a produtores daquela região em diferentes épocas deste ano. Em fevereiro, a pesquisa demonstrou que ainda havia alguma dúvida. Já em março, os mesmos produtores garantiam que na próxima safra a transgênica vai estourar. Em junho, porém, a opinião era completamente diferente, com restrições às cultivares geneticamente modificadas. A explicação: em março, as lavouras de soja transgênica no sul de Goiás estavam exuberantes. Na hora da colheita, porém, verificou-se que aquela beleza não se transformou em boa produção. Bonitinha, mas ordinária, disse um produtor.
Polêmica no Governo
Tecnologia chegou atrasada Materiais de soja transgênica de melhor potencial produtivo poderiam estar hoje à disposição dos produtores no Brasil, não fosse o atraso no encaminhamento da questão pelo governo, segundo especialistas. O ex-ministro da Agricultura, Roberto Rodrigues, manteve, a respeito, forte divergência com a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Ao todo, foram oito anos de infindáveis discussões jurídicas, permeadas de excessivos e insensatos arroubos ambientalistas e ideológicos que só trouxeram atraso para a agricultura nacional, opina Ivo Marcos Carraro, diretor-executivo da Coodetec, cooperativa que atua na área de pesquisa de sementes. Carraro afirma que só agora o agricultor brasileiro pode optar livremente, sem receio, por uma tecnologia que está há mais de 10 anos sendo utilizada por concorrentes na produção de soja.