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Economia

Pequeno produtor no foco das cooperativas

Sicredi, Sicoob e Cresol ampliam desembolsos e preveem demanda aquecida também na safra 2023/24

Pequeno produtor no foco das cooperativas

Mesmo diante da escassez de recursos oficiais para financiar a safra no Brasil, as cooperativas de crédito continuam a ampliar os desembolsos e a ganhar espaço nesse mercado. E, segundo as principais instituições que atuam no país, que participaram da Show Rural Coopavel, em Cascavel (PR), os produtores tendem a manter a demanda por recursos para investimentos aquecida.

Fernando Marin, gerente de desenvolvimento de negócios do Sicredi, diz que o volume de recursos equalizáveis disponíveis para financiar os produtores rurais é menor que a demanda, mas que o grupo tem se ajustado a essa realidade. “Para dar viabilidade ao planejamento dos produtores para investimentos, estamos lançando mão da poupança rural. Assim, conseguimos um custo menor para atender os pequenos. Mas a nossa ideia é que não falte crédito para ninguém, mesmo na ausência da verba oficial. Com recurso próprio, tentamos equalizar essa taxa dentro de casa. Claro que o percentual é diferente, mas temos feito negociações”.

Segundo Marin, a expectativa do Sicredi era que houvesse uma redução da taxa de juros no fim de 2022, algo que teria impacto positivo na contratação de crédito pelos pequenos produtores. Não houve, mas esses clientes permanecerão no foco também na próxima safra (2023/24).

“Estamos confiantes que o governo vai olhar para o ‘pronafiano’ e não vai reduzir os volumes de subsídio ao crédito. Já o médio produtor tem uma conscientização de fazer um planejamento diferenciado e trabalhar direto com as instituições financeiras”, realça.

Entre os meses de julho e dezembro do ano passado, os desembolsos de crédito rural do Sicredi atingiram R$ 28,5 bilhões, um aumento de 30% na comparação com o mesmo período do ciclo anterior. O destaque foi justamente as operações realizadas via Pronaf, que cresceram 47% no período, para R$ 7,9 bilhões. Para Carlos Schilik, diretor de mercado do Sicoob, outra gigante do ramo, o setor vai continuar demandando recursos devido à manutenção de alta nos preços das commodities agrícolas e da necessidade de otimizar custos.

“O produtor vai seguir investindo para modernizar sua produção, pois o custo da terra ficou muito caro e ele precisa estar a frente dos seus concorrentes. Assim, ele vai querer o que mais há de moderno para conseguir suportar esses custos”, afirma. Assim como o executivo do Sicredi, Schilik também chama a atenção desde já sobre os juros do crédito oficial para os agriculturas para a temporada 2023/24.

“Esperamos para o próximo Plano Safra linhas disponíveis para atender os nossos cooperados em todas as frentes que ele necessita. Atualmente, o setor não tem as linhas nos encargos que merece, e deveria ter para investimento. Acredito que só que somente linhas de crédito adequadas vão auxiliar no fomento da produção rural”, afirma.

O Sicoob vai ofertar, no total, R$ 41 bilhões nesta temporada 2022/23, contra R$ 25 bilhões disponibilizados na safra anterior. De julho do ano passado a janeiro, já foram contratados R$ 21,4 bilhões, 55% mais que em igual intervalo de 2021/22. Outro agente de crédito cooperativo importante, a Cresol, que tem como foco a agricultura familiar, também aumentou a disponibilização de recursos, de R$ 9 bilhões para R$ 15 bilhões nesta safra 2022/23.

Para Adriano Michelon, vice-presidente Cresol, a procura por crédito seguirá aquecida por uma conjunta favorável à agricultura. “Ainda que o recurso equalizável não seja suficiente, o efeito especulativo do trader no mercado já passou, o custo de produção diminuiu, e por consequência, a margem está um pouco maior, então ele está otimista”, lembra.

Nas projeções do executivo da Cresol, o próximo Plano Safra virá com condições de recursos mais favoráveis ao produtor. “Haverá ampliação de recursos equalizados para o pequeno e médio neste ano, e as taxas mais em conta tendem a ampliar o volume de recursos. No entanto, se a oferta total de crédito vai atender toda a demanda ou não aí já é outra questão”, diz.

Como já informou o Valor , as cooperativas de crédito desembolsaram no total R$ 42,8 bilhões em financiamentos rurais nas linhas do Plano Safra 2022/23 nos sete primeiros meses da temporada, ante R$ 34,6 bilhões em igual intervalo do ciclo anterior. O desempenho superou o dos bancos privados, que liberaram R$ 39,3 bilhões de julho do ano passado a janeiro último.

“Essa desconcentração do sistema financeiro favorece a todas as cooperativas de crédito. Sempre dizemos que essas instituições precisavam de um espaço maior na oferta de recursos, ocupando um espaço para oferecer um atendimento mais humanizado. Essa é uma tendência que veio para ficar e fazer o recurso chegar para quem realmente precisa”, finaliza Marin, do Sicredi.