Da Redação 04/03/2004 – 04h59 – Entre as principais commodities agrícolas exportadas pelo Brasil, o milho foi a que registrou maior valorização no mercado internacional em fevereiro. Cálculos do Valor Data indicam que a alta dos contratos de segunda posição do grão negociados na bolsa de Chicago foi de 6,85% no mês, superando os ganhos da soja em grão, que, também para os contratos de segunda posição, chegaram a 4,65% em Chicago. Outro produto que subiu, 1,09%, foi o café, desta feita em Nova York – onde caíram em fevereiro as cotações dos contratos de segunda posição do açúcar (2,61%), cacau (4,09%), suco de laranja (3,53%) e algodão (7%).
Paulo Molinari, analista da Safras & Mercado, afirma que o salto do milho em fevereiro pode ser explicado, basicamente, por um quadro global de oferta restrita, com os estoques mundiais no mais baixo nível desde a década de 70. Também ajudaram a sustentar as cotações no mês a entressafra na América do Sul, EUA e China, a expectativa de quebra da produção da Argentina e a própria alta da soja, ainda que esta tenha sido menor que a do milho. No primeiro bimestre, os ganhos dos contratos do milho em Chicago chegaram a 15,87%, ajudados pelas perspectivas, em janeiro, de maior demanda por rações derivadas de proteínas vegetais depois da descoberta de um caso de “vaca louca” nos EUA, em dezembro. Mas o surgimento da gripe das aves no país sinalizou menor consumo pelas granjas.
No curto prazo, diz Molinari, a tendência é que as cotações continuem sustentadas pela oferta apertada; já no longo prazo, observa, em muito o comportamento do mercado dependerá dos rumos da próxima safra americana, a 2004/05. “Os dois produtos estão valorizados, cotados nos EUA acima dos preços mínimos estipulados. Se os produtores decidirem elevar a aposta no milho, os preços da soja ganham impulso, e vice-versa”, afirmou ele ao Valor. O Brasil poderá exportar até 6,5 milhões de toneladas nesta safra 2003/04, conforme especialistas. Ontem, os contratos do milho para maio subiram 2 centavos de dólar por bushel e alcançaram US$ 2,9775. Já os papéis da soja para o mesmo mês fecharam a US$ 9,43 por bushel, em alta de 14,50 cents.
No primeiro bimestre, a valorização acumulada da soja em Chicago chegou a 11,09%, também em consequência de um cenário de oferta incerta, principalmente em virtude de problemas climáticos na Argentina e no Brasil (ver matéria abaixo), e do baixo nível dos estoques americanos do grão. A soja, que lidera as exportações totais do país, também foi alavancada pelo surgimento de “vaca louca” nos Estados Unidos.