O ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou nesta quarta-feira (26/4) que o Brasil tem a oportunidade de evoluir na área do crédito rural com a criação de novas fontes de financiamento. Segundo ele, o governo continuará apoiando o setor e tentará aumentar o volume de recursos orçamentários destinado à equalização de juros das operações oficiais, mas destacou que o momento é propício para captar dinheiro internacional mais barato.
“Temos que compreender o momento mundial e a oportunidade que Brasil vive para que possamos evoluir no crédito agrícola (…) Há o momento propício de captação de recursos internacionais com custo mais barato do que o Plano Safra”, afirmou Fávaro durante o evento de instalação da Câmara Temática de Modernização do Crédito e Instrumentos de Gestão de Risco do Agronegócio.
Fávaro comentou sobre a reunião que teve na terça-feira (25/04) com o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, e a equipe técnica. “Falamos da importância de aumentar o valor para equacionar [os juros do Plano Safra], em função do aumento do custo de produção e da demanda reprimida do campo”, disse. “Vai ter complemento”, reforçou o ministro.
Ele disse ainda que as “críticas construtivas” feitas às altas taxas de juros do país também são formas de buscar alternativas de solução. Segundo Fávaro, isso estimula a pensar em novas linhas de crédito e novos formatos de financiamento. Uma das conversas com o BC é para flexibilizar o acesso ao Aditamento sobre Contrato de Câmbio (ACC), instrumento usado para o financiamento de exportações. A intenção, segundo o ministro, é que quem exporta via tradings possa ter direito de fazer ACC.
Câmara temática
A Câmara Temática de Modernização do Crédito e Instrumentos de Gestão de Risco do Agronegócio substitui a Câmara de Crédito, Seguro e Comercialização do Agronegócio que existia anteriormente. A meta é ampliar a discussão para as novas alternativas de financiamento do campo. O foco será apoiar tecnicamente a criação de políticas públicas voltadas à modernização dos aparatos creditícios e a gestão de riscos da atividade agropecuária.
O presidente da câmara será Thiago Bras Rocha, consultor da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs). “Com a nova estrutura, os membros da câmara deverão dar maior enfoque aos mecanismos de modernização que o financiamento privado do agronegócio demanda”, disse.
Uma das missões, afirmou, será discutir uma solução para o “desincentivo fiscal” existente hoje para investimentos em moeda estrangeira, já que persiste a tributação do imposto de renda sobre a variação cambial para investidores residentes no Brasil.