Da Redação 22/05/2003 – A forte queda do preço do milho nos últimos dias fez com que o governo decidisse comprar 290 mil toneladas do grão, antecipando o vencimento dos contratos de opção. A medida visa reverter o quadro de estimativa de redução do plantio da próxima safra de milho.
O governo decidiu antecipar o exercício de 148 mil toneladas, que venciam em 15 de julho, para 16 de junho, ao preço entre R$ 15,90 e R$ 20 a saca, conforme a região. Os valores são mais altos que os praticados no mercado hoje, estimulando os produtores a venderem ao governo ao invés de colocarem o produto no mercado. Outras 183 mil toneladas vencem em 13 de junho, com os mesmos valores de referência. Deste total, 40 mil toneladas foram repassadas para o Nordeste.
Segundo informa o secretário de Política Agrícola do Ministério da Agricultura, Ivan Wedekin, o governo pretende retirar este volume do mercado e colocar o grão em armazéns credenciados, formando estoques estratégicos.
“A evolução do mercado nas últimas semanas tem nos preocupado”, disse Wedekin. De acordo com ele, esta redução nos valores poderá fazer com que os produtores optem por cultivar soja na próxima safra. Wedekin afirma que a queda do preço é decorrente de uma supersafra, estimada em 42 milhões de toneladas, e também da variação do dólar, derrubando a competitividade para a exportação. Estimava-se que o País iria vender para o exterior 3 milhões de toneladas do grão, mas até o momento só foram contratadas 1,5 milhão de toneladas.
“Acho pouco provável reverter o mercado porque o volume de opções é pequeno para a produção”, diz Deives Farias da Silva, analista da FNP Consultoria. Desde o início do mês, em Campinas (SP), a queda do preço do grão foi de 18,6%. Segundo ele, a redução dos preços já está próximo ao seu limite, pois hoje ainda o valor no mercado interno está superior à paridade exportação. De acordo com ele, se o preço ficar próximo ao da paridade, será mais estimulante vender para o mercado externo. Silva diz que já existe no mercado a retomada das exportações.
Na próxima sexta-feira, o governo ofertará contratos de 398 mil toneladas, com preços de exercício que variam de R$ 18 a R$ 14,60 a saca, conforme o estado. O vencimento da opção será em agosto. Após o leilão, os técnicos do Ministério da Agricultura vão avaliar se irão ou não antecipar o vencimento das demais opções. Desde o início dos leilões já foram contratadas 1,14 milhão de toneladas.