Redação AI 24/06/2003 – O frango volta a disputar acirradamente o lugar da carne bovina na mesa do consumidor. Com preços até 80% mais baixos do que o concorrente, o frango registrou, nos últimos 60 dias, uma queda de 10% nas cotações no atacado em Mato Grosso do Sul. No final do mês de abril, por exemplo, o quilo do frango abatido variava de R$ 1,90 a R$ 2 em Campo Grande, enquanto ontem era cotado de R$ 1,65 a R$ 1,70 o quilo vivo. Essa retração nos preços já vem sendo notada pelo consumidor, que consegue encontrar o quilo do frango inteiro, no varejo, por até menos de R$ 2 em promoções. Na maioria dos supermercados, o valor do quilo varia de R$ 2,20 a R$ 2,80.
Segundo o vendedor Aldoir Czizenski o motivo da queda nos preços é a diminuição nas exportações, por conta da suspensão das vendas para a Rússia (que estão sendo lentamente retomadas desde o final de semana).
O processo, porém, destina-se apenas a complementar as quotas já estabelecidas para o corrente ano. Quando venceu o prazo-limite estabelecido em lei para o registro das licenças de importação – 27 de abril de 2003 – Moscou havia emitido documentos correspondentes a quase 72% da quota prevista – 535 mil toneladas de um volume total fixado em 744 mil toneladas.
O Brasil no ano passado exportou para a Rússia quase 300 mil toneladas de carne de frango, mas acabou prejudicado pelo período de tempo adotado como parâmetro – o triênio 1999/2001 – e conta com uma quota, até dezembro, de 33 mil toneladas. Segundo fontes do mercado, já preencheu 28 mil toneladas. Portanto, dispõe agora de apenas 5 mil toneladas para registro.
“Essa redução nas exportações acabou refletindo no mercado interno. Como há uma grande oferta de aves e uma redução no poder aquisitivo da população, o preço está recuando”, frisou Czizenski.
Previsão
Na avaliação da assessora de economia da Famasul (Federação da Agricultura e Pecuária de Mato Grosso do Sul), Adriana Mascarenhas, o frango, que chega a ser até 80% mais barato que a carne bovina, pode ter um aumento no consumo nos próximos meses. Apesar de o aumento do preço do quilo do frango (28%) ser maior que o da carne bovina (22%), no período de maio de 2002 a maio de 2003 ainda é, em média, 72% mais barato, frisa a assessora.
Comparando o preço da peça mais nobre de cada animal, o percentual sobe de 72% para 80%. “O quilo do filé mignon custa R$ 13,32, enquanto o do peito de frango, R$ 7,53, um valor que faz diferença no prato do campograndense”, conclui a economista.
A assessora acrescenta que a produção de frango deve aumentar devido ao clima favorável e a tendência de baixa de preço no milho. “O valor pago pelo frango ao produtor não pode cair, geralmente ele já trabalha com o limite do custo de produção”, comentou Adriana Mascarenhas.
Produção no Brasil
Pelas projeções da Apinco, em maio último foram produzidas no Brasil 659.959 toneladas de carne de frango, volume 4,83% e 5,70% superior ao produzido, respectivamente, em maio de 2002 e em abril de 2003. Essa é também, até aqui, a maior produção de 2003 e a segunda maior produção da história do setor, só superada pelas 677,7 mil toneladas de dezembro de 2002.