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Economia com o biodigestor

Fazenda próxima a Uberlândia (MG) deve obter uma economia de 20% nos gastos com energia elétrica, utilizando o biodigestor.

Redação SI 23/07/2003 – A Fazenda Água Limpa, agroindústria localizada a aproximadamente 45 quilômetros de Uberlândia, deve obter uma economia de 20% nos gastos com energia elétrica a partir deste mês. A propriedade de 2,5 mil hectares acaba de implantar um sistema de geração de energia originário da Alemanha. A tecnologia européia, que chegou há mais de 20 anos no Brasil, utiliza como matéria-prima o esterco dos cerca de quatro mil porcos confinados na empresa. A agroindústria investiu R$ 70 mil no projeto e já prevê o retorno do negócio em um ano, uma vez que a utilização do biogás deve gerar uma economia de R$ 84 mil no período. A Fazenda Água Limpa tem um faturamento anual de R$ 5 milhões.

O proprietário da fazenda, José Eduardo Ferreira Neto, pretende suprir toda a demanda de energia com o novo método nos próximos anos. O combustível mais barato e ecologicamente correto poderá ainda substituir o óleo diesel utilizado nas máquinas agrícolas, conforme intenção de Neto.

A instalação de um biodigestor – processador que retira o gás de dejetos animais – é uma experiência nova no Estado. Poucas regiões do País, incluindo Toledo, no Paraná, utilizam este sistema alternativo de geração de energia. O ponto de produção do biogás, instalado próximo ao local de confinamento dos porcos, é conectado com todos os pontos da fazenda por uma tubulação subterrânea de plástico com 10 quilômetros de extensão. “Este é um dos maiores projetos de exploração do gás à longa distância do Brasil”, garante o coordenador técnico do projeto, Iohann Reichl. O gás que sai em mangueiras distribuídas pela propriedade é o que alimenta e faz funcionar os geradores de energia elétrica.

O sistema alternativo de produção de energia é muito simples. O calor aquece a estufa na qual se coloca o esterco diluído em água. A fermentação deste material provoca uma reação química que culmina na liberação de gás metano. Este fluído é comprimido numa cabine de comando que o remete para a tubulação. O material que sobra é inofensivo à natureza. Os 60 mil litros de adubo orgânico produzidos diariamente são utilizados na irrigação dos 700 mil pés de café cultivados. O volume de adubo obtido na propriedade é armazenado num reservatório de 60 metros de extensão construído no chão.

Conforme garantiu o alemão que coordena o projeto, o gás também pode ser utilizado para substituir o combustível da frota de máquinas agrícolas e outros veículos. Segundo informou o administrador da fazenda, Fernando Fernandes Sousa Silva, a empresa gasta uma média de R$ 300 mil por ano com óleo diesel. A frota é utilizada no campo para a produção de soja, milho e café, e dá suporte ainda à criação de peixe, bovinos e suínos e cavalos puro-sangue inglês. A agroindústria possui também uma fábrica de ração para pó de peixe, na qual já foi instalado o gerador movido a biogás.