Redação SI 02/08/2001 11:30 – A Embrapa Suínos e Aves, órgão de pesquisa vinculado ao Ministério da Agricultura e do Abastecimento, a Sadia e a Triel-HT Indústria de Equipamentos vão desenvolver em conjunto sete experimentos que podem mudar o manejo pré-abate e o transporte de suínos. A parceria foi fechada para tentar reduzir as perdas originadas pelas falhas que ocorrem em propriedades e indústrias, bem acima da média mundial. “Existe pouca preocupação hoje com as últimas 24 horas antes do abate. Às vezes, tudo o que é feito anteriormente acaba jogado fora, gerando prejuízos especialmente para o produtor”, explicou o pesquisador da Embrapa Suínos e Aves Osmar Dalla Costa.
Existem poucos levantamentos a respeito das perdas provocadas pelo manejo pré-abate equivocado, mas estima-se que até 4% da carne produzida nas propriedades rurais acaba sendo desviada para produtos menos nobres em virtude de lesões ocorridas nas carcaças durante o carregamento, transporte e abate dos animais. Nos países europeus com alta produção de suínos, as perdas de manejo pré-abate não chegam a 1%. Já um levantamento feito no Canadá estimou que a produção de suínos no país perde US$ 15 milhões por ano em virtude de erros no manejo pré-abate. Os dois dados são sinalizadores para o Brasil.
Dentro da cadeia produtiva, o maior prejuízo é dos produtores. Quando um pernil ou uma paleta é retirada da carcaça por causa de uma machucadura ocorrida durante o transporte ou carregamento, o produtor ganha menos. Se o animal morre no trajeto entre a propriedade e a indústria por causa da condução do motorista ou das condições inadequadas da carroceria do caminhão, a perda é maior ainda. Mesmo bem tratado durante toda a sua vida, o suíno só é utilizado como subproduto neste caso. “Há ainda a dimensão do bem-estar animal. Nosso projeto vai melhorar o tratamento dispensado aos suínos”, antecipou Dalla Costa.
Os sete experimentos previstos dentro do projeto são a análise econômica do manejo pré-abate, tempo de jejum ideal na granja, tempo de jejum ideal no frigorífico, modelos adequados de carrocerias para caminhões, distância ideal entre granjas e frigoríficos, efeitos da mistura de lotes de suínos nas granjas e nos frigoríficos e uso de isotônicos nos frigoríficos pouco antes do abate com a intenção de melhorar a qualidade da carne. Os experimentos serão repetidos no inverno e verão para que possam ser estabelecidas normas para todas as condições climáticas. Os sete experimentos gerarão regras de bem-estar animal que serão aplicadas no sistema de integração da Sadia e orientarão a construção de carrocerias de caminhão na Triel-HT.