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Saúde Animal

Vaca louca na UE

Europa não consegue controlar doença da "vaca louca", segundo OIE. Já foram confirmados 62 casos da doença, este ano.

Vaca louca na UE

A Europa não conseguiu até agora controlar a doença da “vaca louca” – encefalopatia espongiforme bovina (BSE, na sigla em inglês) -, como revelam estatísticas da Organização Mundial de Saúde Animal (OIE) às quais o Valor teve acesso.

O velho continente já registrou 62 casos da doença este ano, mas quase ninguém fala mais do problema. O caso mais recente foi identificado no dia 19 deste mês na Dinamarca, país da comissária europeia da Agricultura, Mariann Fischer Boel. Dois dias antes, outro animal já fora localizado com a doença no Reino Unido, o país de origem da enfermidade.

O número até agora é bem inferior aos 127 casos identificados no ano passado, mas mostra que a doença da “vaca louca” continua aparecendo na Europa. Este ano, até agora, a Espanha foi a mais afetada, com 18 casos, seguida de França e Portugal, com oito cada, e Irlanda, com sete. A BSE continua a infectar tanto bovinos como ovinos, conforme os dados da OIE.

A doença da “vaca louca” é uma infecção degenerativa do sistema central dos bovinos que começou no Reino Unido, em decorrência do uso de farinhas feitas a partir de restos animais na alimentação dos bovinos, e provocou no homem uma variante da doença, a síndrome de Creutzfeldt-Jakob, que causou dezenas de mortes na Europa.

A Comissão Europeia não esconde os dados, mas tampouco se ocupa de divulgá-los da mesma forma com que publicamente mantém suas baterias voltadas para a carne importada que afeta seus produtores menos competitivos. O fato é que o órgão destinou um pacote de € 275 milhões para erradicar doenças bovinas, dos quais € 67 milhões vão para combater a doença da vaca louca e suas variantes, como nos ovinos.

A França receberá € 12 milhões, a Alemanha € 11,6 milhões, a Espanha € 5,3 milhões, o Reino Unido € 4,7 milhões e a Irlanda € 3,6 milhões para tentar erradicar a doença da “vaca louca” do rebanho.

Até hoje, a carne bovina da Europa é bloqueada em vários mercados. Os produtores de uma especialidade italiana, a bresaola, não podem exportar para Estados Unidos e Japão, e chegaram a planejar a produção no Brasil, de onde já importam o coxão mole para sua produção “made in Italy”.

O Brasil nunca registrou um caso de encefalopatia espongiforme bovina em animais. Mas, como no passado importou animais europeus, sofre as consequências. Atualmente, as exportações de tripa de zebu brasileiro continuam rendendo artigos e preocupações na Suíça. O país não é membro da UE, mas segue as diretrizes sanitárias do bloco, que impede a importação da tripa brasileira sob alegação de riscos de transmissão da “vaca louca”. O governo articula na OIE uma maneira de mudar uma classificação sanitária, para livrar a tripa brasileira, usada pelos suíços para fabricar sua salsicha nacional típica, a cervelas.

Enquanto isso, as exportações brasileiras de carne bovina para a Europa se recuperam lentamente. De 10 mil fazendas autorizadas a fornecer bovinos para abate e exportação, o número caiu para 100, no começo de 2008, por causa das exigências da rastreabilidade. Desde então, mais fazendas foram certificadas e atualmente o número está em pouco mais de 1.700.