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Analistas internacionais traçam cenário econômico da China de hoje

Cinco dos principais especialistas em China (sinólogos) do mundo reuniram-se ontem (26), em São Paulo, para traçar o atual perfil econômico daquele país, bem como seus desafios e oportunidades.

Redação (27/02/2008)- O evento, promovido pelo Departamento de Relações Internacionais e Comércio Exterior (Derex) da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp), contou com a presença de cerca de 500 pessoas interessadas em conhecer as perspectivas chinesas no tocante às leis trabalhistas, à relação com o meio ambiente, ao respeito à propriedade intelectual e à competitividade leal. Também foram analisados os motivos que levam o país a crescer a taxas faraônicas de 10% ao ano, com um Produto Interno Bruto de US$ 2,2 trilhões (2006), e a responder por nada menos que 13% do comércio mundial.

De acordo com os especialistas, muitas empresas estão se instalando em terras chinesas, mas, ao contrário do que muitos pensam, o investimento externo direto da China ainda é muito pequeno. “Nos últimos anos, o investimento estrangeiro foi de apenas 5%, do total de US$ 1,5 trilhão”, disse o conselheiro estratégico para temas da China da Universidade de Columbia, Trevor Houser.

Em sua apresentação, o professor de Relações Internacionais Harry Harding, da George Washington University, alertou que a China deve passar por uma mudança demográfica em poucos anos, o que, segundo ele, pode levar a uma escassez de mão de obra.

De fato. Números apresentados hoje – base de 2006 – mostraram que 44% da população chinesa já se encontram nos centros urbanos. “Há alguns anos essa proporção era bem menor”, pontuou Harding. Na última década, mais de 300 milhões de pessoas migraram do campo para os centros urbanos, o que aumentou a demanda por alimentos. “Um setor promissor para o Brasil”, ressaltou.

Transformações
A especialista em cultura chinesa Baifang Schell, contou sua trajetória de vida, desde o nascimento em uma família simples, em uma cidade próxima a Beijing, até sua mudança para os EUA, no final dos anos 1970. As grandes transformações mudaram conceitos e alguns valores da sociedade chinesa, principalmente depois da abertura econômica dos anos 80, que possibilitou a entrada de investimentos estrangeiros.

“Nunca imaginei que a China se abriria da maneira como se abriu. Foi o que possibilitou seu desenvolvimento”, reconhece Balfang. Ela concorda que os chineses mais velhos têm dificuldade para se adaptar à nova sociedade. Por outro lado, os representantes da nova geração aceitaram a nova economia de mercado de maneira natural. “Quando o país começou a receber investimentos estrangeiros, os chineses ainda eram muito desconfiados. Mas isso mudou com o tempo”. O que aconteceu na China é uma prova de que é possível mudar.