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Preocupação Climática

Prejuízos climáticos superam R$ 6,6 bilhões no agronegócio brasileiro com enchentes e seca

Prejuízos climáticos superam R$ 6,6 bilhões no agronegócio brasileiro com enchentes e seca

Os extremos climáticos enfrentados pelo Brasil, como as enchentes no Rio Grande do Sul e a seca que assola a região Norte, já resultaram em perdas estimadas em R$ 6,67 bilhões para o agronegócio. Esses impactos, que incluem danos estruturais e prejuízos nas atividades agrícolas e pecuárias, devem continuar a crescer, refletindo a gravidade das condições ambientais atuais.

No Rio Grande do Sul, as enchentes ocorridas entre abril e maio deste ano causaram prejuízos de R$ 5,4 bilhões, segundo a Confederação Nacional dos Municípios (CNM). Além das perdas materiais, a agricultura e a pecuária foram profundamente afetadas, comprometendo a subsistência de muitos produtores rurais.

Por outro lado, a seca que aflige a região Norte, com a redução significativa do volume de água em rios essenciais, já contabiliza cerca de R$ 1,3 bilhão em danos à agricultura e à pecuária. A CNM alerta que esse montante tende a aumentar à medida que a estiagem persiste e novos relatórios de perdas são apresentados.

Paulo Ziulkoski, presidente da CNM, enfatiza a necessidade urgente de uma ação coordenada entre os diferentes níveis de governo para enfrentar a emergência climática. Ele ressalta que eventos extremos, como a seca prolongada na Amazônia, exigem uma resposta federativa robusta.

Na Amazônia, a seca já se estende por um ano em algumas áreas, com impacto severo sobre as comunidades ribeirinhas. Ana Paula Cunha, pesquisadora do Centro Nacional de Monitoramento e Alertas de Desastres Naturais (Cemaden), destaca que, enquanto os grandes produtores possuem recursos para enfrentar esses desafios, os pequenos agricultores sofrem ainda mais devido à falta de assistência técnica e de infraestrutura básica.

O Pantanal é outro bioma que sofre intensamente com a falta de chuvas, agravada por incêndios que devastaram 1,2 milhão de hectares no Mato Grosso do Sul este ano. A escassez de pastagens ameaça a alimentação do gado bovino, levando a uma possível redução no número de abates, segundo o vice-presidente do Sindicato das Indústrias de Frios, Carnes e Derivados do Estado (Sicadems), Sergio Capuci.

Em resposta à crise no Pantanal, o governo do Mato Grosso do Sul solicitou à Superintendência de Desenvolvimento do Centro-Oeste (Sudeco) a liberação de R$ 200 milhões em crédito emergencial para apoiar os produtores atingidos.

Enquanto isso, no Rio Grande do Sul, as enchentes afetaram cerca de 206 mil empreendimentos rurais em 405 municípios, de acordo com a Emater/RS. Produtores como Airton José Dieter, que perdeu toda a sua produção e animais, enfrentam agora o desafio de reconstruir suas vidas e propriedades, em meio a incertezas sobre o futuro.

Graziele de Camargo, produtora em São Sepé, também teve sua colheita de soja devastada pelas chuvas, resultando em uma perda de 70% da produção e uma dívida de R$ 2 milhões. Ela critica a falta de medidas governamentais eficazes para mitigar os efeitos dessas tragédias climáticas, que ameaçam a sustentabilidade do agronegócio no Brasil.