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Greve nos portos dos EUA pode causar impactos econômicos e comerciais, afetando 45% das exportações de carne suína e 70% da carne de frango

Greve nos portos dos EUA pode causar impactos econômicos e comerciais, afetando 45% das exportações de carne suína e 70% da carne de frango

Cerca de 45.000 trabalhadores sindicalizados nos portos da Costa Leste e do Golfo dos EUA podem iniciar uma greve a partir de 1º de outubro, ameaçando interromper atividades cruciais para o comércio internacional em um momento delicado para a economia norte-americana, poucas semanas antes da eleição presidencial. Uma análise do JPMorgan estima que uma greve prolongada poderia custar à economia dos EUA cerca de US$ 5 bilhões por dia.

A paralisação afetaria 36 portos responsáveis por movimentar cerca de metade das importações oceânicas do país, incluindo produtos como alimentos, automóveis e peças, criando atrasos de semanas e aumentando os custos de transporte. Especialistas alertam que isso pode agravar a inflação, especialmente no setor de bens de consumo, com impactos que seriam sentidos pelos eleitores.

O impasse nas negociações

O International Longshoremen’s Association (ILA), sindicato que representa os estivadores, está em disputa com o grupo patronal United States Maritime Alliance. A questão central gira em torno de pagamentos, com o atual contrato de seis anos expirando em 30 de setembro. Caso não haja acordo, uma greve seria a primeira da ILA desde 1977. Diferentemente das negociações na Costa Oeste no ano passado, a Casa Branca não está mediando diretamente e indicou que o presidente Biden não usará poderes federais para bloquear a paralisação.

Setores afetados

Indústria automotiva e máquinas: A greve impactaria fortemente a importação de veículos e peças automotivas, especialmente aquelas provenientes da Europa. O Porto de Baltimore, por exemplo, é líder em embarques de carros, e o setor automotivo movimentou US$ 37,8 bilhões em importações nos últimos 12 meses.

Agronegócio: Cerca de 14% das exportações agrícolas aquáticas dos EUA estariam em risco. Além disso, 53% das importações agrícolas, incluindo produtos como bananas, café e cacau, passariam por dificuldades. O setor de exportação de carnes, especialmente suína e bovina, também seria impactado, já que grande parte dessas exportações depende de contêineres refrigerados. Cerca de 45% de todas as exportações de carne suína dos EUA por via marítima e 30% das exportações de carne bovina foram enviadas pelos portos da Costa Leste e da Costa do Golfo nos primeiros sete meses deste ano, disse o porta-voz da Federação de Exportação de Carne dos EUA, Joe Schuele. Mais de um quarto de todas as exportações de ovos e produtos derivados dos EUA e cerca de 70% de todas as exportações de carne de aves são enviadas de portos ao longo das costas leste e do Golfo, de acordo com dados da alfândega e do Conselho de Exportação de Aves e Ovos dos EUA.

Farmacêuticos: Mais de 91% das importações de produtos farmacêuticos em contêineres e 69% das exportações desse setor são movimentados pelos portos afetados. Isso inclui remédios vitais, com destaque para o Porto de Norfolk, na Virgínia, e Charleston, na Carolina do Sul.

Impactos econômicos

Além dos atrasos na cadeia de suprimentos, uma greve prolongada aumentaria os custos de transporte, o que poderia ser repassado aos consumidores. As cinco principais instalações portuárias envolvidas no possível impasse movimentaram mais de US$ 83,7 bilhões em agosto de 2024. Analistas indicam que uma greve de um dia pode levar até seis dias para ser normalizada, enquanto uma paralisação de uma semana pode exigir até seis semanas de recuperação, segundo a Maersk, uma das maiores empresas de transporte marítimo.

Diante da possibilidade de uma greve iminente, diversos setores estão em alerta, temendo os efeitos prolongados da interrupção nas cadeias globais de suprimentos e nos preços ao consumidor.