O Brasil está próximo de concluir os protocolos necessários para iniciar a exportação de vísceras suínas e peixes à China, segundo fontes familiarizadas com as negociações. O avanço ocorre logo após a visita histórica do presidente chinês Xi Jinping ao país sul-americano, mas os acordos ainda não foram assinados devido a pendências em detalhes técnicos.
Avanço estratégico no mercado chinês
As negociações estão em estágio avançado e devem ser finalizadas em breve, afirmaram as fontes à Reuters, mantendo anonimato por tratar-se de negociações privadas. A exportação de vísceras suínas é considerada uma oportunidade disruptiva para a suinocultura brasileira, uma vez que itens como coração, fígado, rins, pulmões, língua e miolos são muito valorizados pelos consumidores chineses, mas têm menor demanda no mercado interno brasileiro.
De acordo com dados comerciais, o Brasil exportou cerca de 1,2 milhão de toneladas de carne suína em 2023, mas o volume de vísceras foi de pouco mais de 100 mil toneladas para todos os destinos. Com a China importando aproximadamente US$ 6 bilhões em carne suína e miudezas em 2023, o mercado chinês representa uma oportunidade significativa para diversificação e crescimento das exportações brasileiras.
Concorrência europeia e oportunidade brasileira
A negociação ocorre em meio a disputas comerciais entre a China e fornecedores europeus, como Espanha, Holanda e Dinamarca, que foram acusados de práticas de dumping no setor de carne suína. A Espanha, por exemplo, respondeu por cerca de US$ 1,5 bilhão em exportações de carne suína à China no ano passado, enquanto Holanda e Dinamarca exportaram mais de US$ 500 milhões cada.
O Brasil, como quarto maior exportador mundial de carne suína, busca ampliar sua presença no mercado chinês, aproveitando o momento para consolidar novos produtos na pauta exportadora. Além das vísceras, o acordo inclui a exportação de peixes, aumentando a relevância do setor de proteína animal brasileiro na Ásia.
Perspectivas
A finalização dos protocolos poderá trazer impacto positivo à balança comercial brasileira e aumentar a competitividade da suinocultura nacional. A expectativa do setor é que esses novos produtos, tradicionalmente subvalorizados no Brasil, conquistem maior valor agregado no mercado chinês.