A Caixa Econômica ampliou de R$ 6,5 bilhões para R$ 12 bilhões os recursos disponíveis aos produtores para financiamentos de crédito rural no primeiro semestre de 2021. São R$ 8 bilhões programados para o custeio antecipado da safra 2021/22 e outros R$ 4 bilhões para fortalecer as linhas de investimentos com a demanda aquecida no setor desde o ano passado.
Do volume separado para o pré-custeio, R$ 7,7 bilhões já foram desembolsados desde dezembro de 2020, quando a linha foi oficialmente aberta. Mas isso não quer dizer que existam apenas R$ 300 milhões disponíveis, disse ao Valor o vice-presidente de Negócios e Varejo da Caixa, Celso Leonardo. “Temos fôlego para chegar aos R$ 8 bilhões, e se houver mais demanda por custeio nesse adiantamento, antes do novo ano safra, poderemos aumentar os recursos”, destacou.
Em relação ao volume para investimentos, Barbosa disse que o banco decidiu não esperar o próximo Plano Safra para injetar novos recursos. “Vamos fazer os R$ 4 bilhões de investimento e acho que podemos até aumentar. Temos ótimos projetos, desde a construção de silos até o tratamento de solos. Seremos céleres e efetivos nesses financiamentos”, completou.
O dinheiro do pré-custeio é direcionado aos produtores de soja, milho, algodão, arroz, feijão, mandioca e café, além da pecuária. Pequenos agricultores acessam o pré-custeio com taxas a partir de 2,75% ao ano. Médios a 4% e demais a 5%.
Mais cedo, em evento online para anúncio do pacote ao agronegócio, o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, afirmou que o foco da Caixa no crédito rural será nos pequenos produtores. “Seremos relevantes, em especial para a população mais carente, da qual poderemos ter de 20% ou 30% [do mercado]”, destacou. “Para os grandes produtores, é um dia depois do outro. Não faremos expansão atabalhoada, mas cresceremos continuamente”.
Segundo ele, a Caixa deve desembolsar os R$ 12 bilhões anunciados até o começo de abril. Desses, R$ 4 bilhões são para investimentos, sendo R$ 2 bilhões com recursos próprios e juros livres e o restante para custeio, comercialização e industrialização. “Se houver demanda, podemos emprestar mais e ir a R$ 16 bilhões”, comentou. “A Caixa nunca teve o foco no pequeno, acabava utilizando o Banco do Brasil para cumprir as exigências do Banco Central. Essa gestão acha isso inaceitável”, completou.
O objetivo da Caixa é chegar a uma carteira de R$ 40 bilhões até o fim de 2023, volume dez vezes maior que há dois anos. Guimarães disse que o setor agropecuário é “muito rentável” em relação ao número de produtos vendidos. “Era um setor em que a Caixa era inexistente, mas é um investimento que faz muito sentido”, acrescentou.A instituição vai inaugurar 21 novas agências focadas no agronegócio: dez no Centro-Oeste, três no Nordeste, três no Sul e cinco no Sudeste. “Estamos totalmente abertos para criar novas agências, desde que faça sentido”.
A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, elogiou o interesse do banco em participar mais do agronegócio, com atenção especial aos pequenos produtores, devido à capilaridade e experiência no interior do país. “A gente tem visto os resultados que a agropecuária tem tido. O ponto crucial desse crescimento, para que ele não pare, é o crédito”, afirmou no evento da Caixa.