Qualificar os produtores rurais é condição para que se possa atender critérios de sustentabilidade e de rastreabilidade na agricultura, tendo em vista o cumprimento de metas relacionadas às mudanças climáticas. Se isso não for feito, parte desses produtores, hoje menos eficientes, podem ser excluídos e levados à pobreza. Foi o que defendeu o Ministério da Agricultiura, no último fim de semana, durante evento sobre florestas, agricultura e o comércio de commodities, na COP26, em Glasgow, na Escócia.
De acordo com o secretário de Desenvolvimento Sustentável e Irrigação do Ministério da Agricultura, Fernando Camargo, a disseminação de técnicas produtivas sustentáveis a todos os produtores rurais é o caminho para impulsionar um comércio agrícola inclusivo, lucrativo e positivo para o meio ambiente.
“Não é possível exigir padrões de sustentabilidade, transparência e rastreabilidade sem qualificar, de forma concomitante, os produtores para atendê-los. Do contrário, corremos o risco de criar um sistema de exclusão, condenando os produtores menos eficientes à pobreza e ao uso de práticas predatórias”, disse o secretário, de acordo com o divulgado pelo Ministério da Agricultura.
O secretário destacou que o Brasil subscreve a declaração conjunta e esteve engajado em todos os grupos de trabalho do Diálogo FACT (Forest, Agriculture and Commodity Trade), um plano de colaboração apoiado por 28 países para combater o desmatamento por meio do comércio global sustentável em commodities agrícolas. “A agricultura é parte da solução. Através do diálogo FACT, podemos transformar essa máxima em realidade”.
O painel foi apresentado pela ex-primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, e pela diretora do International Trade Centre, Pamela Coke-Hamilton. O debate contou com a participação da diretora-geral de Meio Ambiente da Comissão Europeia, Florika Fink-Hooijer; do CEO da Sainsbury’s, Simon John Roberts; da representante da Força-Tarefa da Tropical Forest Alliance.
Emissões de carbono
Em outro painel, o representante brasileiro abordou as tecnologias de baixa emissão de carbono já adotadas na agropecuária brasileira e as metas para a próxima década, com o Plano ABC+. De acordo com Camargo, o objetivo é disseminar as tecnologias de baixa emissão de carbono a mais 72 milhões de hectares de terras agricultáveis. “O Brasil não precisa derrubar nenhuma árvore de forma ilegal”, destacou, ainda conforme o Mapa.
O secretário disse ainda que o Brasil quer compartilhar suas experiências em tropicalização da agricultura com países de realidade semelhante, especialmente na África. Ele destacou esse desenvolvimento da agricultura como base para o país deixar de ser um país importador líquido de alimentos e atingiu a condição de terceiro maior exportador mundial de alimentos, fibras e bioenergia. “A partir de investimentos na tropicalização de variedades de plantas e animais, no desenvolvimento de práticas produtivas adaptadas às condições naturais do nosso território e na qualificação de nossos produtores”.