A ministra da Agricultura, Tereza Cristina, afirmou hoje (30/11) que está passando da hora de os produtores rurais serem remunerados por serviços ambientais no país. Ela destacou o compromisso do Brasil de acabar com o desmatamento ilegal até 2028 e disse que a delegação brasileira na COP26 surpreendeu ao apresentar medidas para reduzir as emissões de poluentes na produção agropecuária.
“Está passando da hora de resolver o pagamento por serviços ambientais. Temos que resolver o problema do desmatamento ilegal, ele tem que ser zero”, afirmou a ministra nesta terça-feira no Fórum Planeta Campo. Ela lembrou que o país preserva 66% do território com mata nativa e que 25% das florestas estão dentro de propriedades rurais privadas. “Metade das emissões brasileiras são provenientes do desmatamento. Há um desafio de construção de economia da floresta e valoração dos serviços ecossistêmicos”, emendou.
Segundo Tereza Cristina, o Brasil conseguiu mostrar na conferência de Glasgow, na Escócia, que a agropecuária tem papel fundamental na agenda climática global. “A equipe brasileira apresentou soluções que já adotamos, e surpreendeu. Poucos países têm projetos de redução de emissões no nosso setor”, destacou.
A ministra reforçou a visão de que os compromissos firmados pelo Brasil, como de participar das ações para redução da emissão de metano, significam oportunidades para o país, que tem “expertise nas medidas de redução e pode colaborar com outros países”, disse. “A agropecuária mostrou que é extremamente importante na agenda climática nacional e mundial”.
Para Tereza Cristina, a COP26 poderia ter evoluído mais em termos de financiamento das ações de combate e adaptação às mudanças climáticas. Entre os obstáculos que o Brasil ainda tem que superar para cumprir os compromissos climáticos, disse a ministra, estão o “desafio do crédito, a capacitação de técnicos de assistência técnica e extensão rural nesse tema, a transferência de tecnologias já disponíveis”.
“Diferencial competitivo”
Também no evento, o ministro do Meio Ambiente, Joaquim Leite, disse que a vegetação nativa preservada no Brasil deveria estar atrelada aos produtos agrícolas nacionais como um diferencial competitivo que precisa ser remunerado. Segundo ele, são 282 milhões de hectares de florestas conservados dentro das propriedades rurais brasileiras.
“Isso é uma vantagem competitiva para o Brasil, é um diferencial quando nas compras de produto brasileiro, um volume gigantesco de área que deveria estar atrelada aos produtos do agro brasileiro para serem reconhecidos e remunerados de alguma forma como um benefício aos produtores que cuidam dessa vegetação nativa em cada um dos biomas brasileiros”, afirmou Leite.