A Sachem Head Capital Management, um investidor ativista, que faz campanha por transformações nas empresas nas quais investe, fez a maior aposta em sua história ao comprar participação de US$ 1,2 bilhão na Elanco Animal Health Inc., para pressionar por mudanças administravas em suas operações.
A firma nova-iorquina de investimento, que passou a ter participação de 9,1% na Elanco em ações e opções, considera que os papéis da empresa estão subvalorizados e que seu desempenho é fraco em comparação ao dos concorrentes, como a rival de maior escala Zoetis Inc., segundo fontes.
A Sachem Head avalia que há boas oportunidades para que a Elanco acelere as vendas e melhore suas margens de lucro, assim como seus processos de pesquisa e desenvolvimento, de acordo com as fontes, que pediram para não ser identificadas porque o assunto é privado. A firma divulgou a participação em documento enviado às autoridades supervisoras na quarta-feira, confirmando uma notícia anterior divulgada pela “Bloomberg News”.
As ações da Elanco chegaram a valorizar-se 15% na quarta e fecharam em alta de 14%, cotadas a US$ 32,07 em Nova York, o que dá a empresa um valor de mercado superior a US$ 15 bilhões. No acumulado de 2020 até terça-feira, os papéis haviam recuado cerca de 4%.
“Temos conhecimento do investimento da Sachem Head”, disse Colleen Parr Dekker, porta-voz da empresa, cuja sede fica em Greenfield, Indiana, em comunicado enviado por e-mail. “O conselho de administração e a equipe executiva da Elanco estão comprometidos a continuar com nosso foco de trazer mais valor a todos os acionistas e continuaremos a tomar ações para alcançar esse objetivo por meio de nossas estratégias claras e comprovadas de produtividade, de portfólio e de inovação.”
A Elanco, que foi desmembrada da Eli Lilly & Co. em 2018, é a segunda maior empresa mundial na indústria de saúde animal. A Sachem Head avalia que o setor tem muitas características atraentes, como a tendência de aumento nos gastos dos consumidores com animais de estimação e o fato de ser um mercado consolidado, com poucos nomes importantes e com grandes obstáculos para o surgimento de novos concorrentes. A demanda pela criação de animais de fazenda também está em alta, puxada pelo aumento da riqueza mundial. Os produtos para animais, diferentemente dos comercializados para as pessoas, sofrem menos com eventuais pressões políticas.
Supostos passos em falso
Apesar dessas vantagens, a Sachem Head avalia que a Elanco deu vários passos em falso que abalaram a confiança dos investidores, como a escolha de um mau momento para comprar as operações de saúde animal da Bayer AG em 2019, de acordo com as fontes. O negócio, no qual a Elanco gastou US$ 6,9 bilhões menos de um ano depois de sua oferta pública inicial de ações, só foi concluído em agosto, no meio da pandemia. Depois de ter consolidado a rede de distribuidores, a empresa também teve problemas de curto prazo em sua cadeia de fornecimento, entre outras dificuldades.
A Sachem Head calcula que a empresa poderia elevar suas margens de lucro. A Elanco teve uma margem em torno a 18% no lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (ebitda) dos 12 meses até o fim de junho, em comparação à de cerca de 44% da Zoetis, de acordo com dados reunidos pela Bloomberg. Em setembro, a Elanco começou a tomar medidas para melhorar as margens, como o anúncio de um plano de reestruturação que prevê o corte de mais de 900 empregos em 40 países. Também anunciou o pagamento de US$ 100 milhões de um empréstimo a prazo para reduzir o endividamento.
A Sachem Head considera que há boas oportunidades para que a Elanco tenha um crescimento na receita mais alinhado ao de seus concorrentes, em parte por meio da melhora dos processos de pesquisa e desenvolvimento. Também vê boas chances para que a empresa consiga reduzir o desconto de suas ações em relação aos concorrentes, por meio da melhora nas vendas e nas margens de lucro, segundo as fontes. Antes da pandemia, a Elanco tinha uma meta de chegar a uma margem do ebitda de 31% em 2022.
Pershing e Zoetis
O investimento, maior da Sachem Head até hoje, é um território familiar para o fundo. Em 2014, a Sachem Head, ao lado da Pershing Square Capital Management,ex-firma de seu sócio-gerente Scott Ferguson, fez campanha por mudanças na Zoetis. Na época, a Zoetis passava por problemas similares, como desempenho ruim das ações, baixas margens de lucro e um fraco processo de desenvolvimento de novos produtos.
A receita da Zoetis aumentou de US$ 4,6 bilhões em 2013, o ano anterior ao início das pressões da Sachem Head por mudanças na empresa, para US$ 6,3 bilhões em 2019. No mesmo período, a margem do ebitda subiu de 29% para 44%.
A Sachem Head foi fundada em 2013 por Ferguson, que era sócio de Bill Ackman na Pershing Square. A firma, que tem mais de US$ 3 bilhões em ativos sob administração, já se empenhou em pressionar por mudanças administrativas em várias empresas, como a 2U Inc., na qual faz campanha pela venda da empresa de softwares de ensino, e, mais recentemente, a Olin Corp.