O Brasil pode reduzir a produção doméstica de frango como forma atenuar os impactos dos insumos, principalmente farelo de soja e milho. A informação foi dada pelo presidente da ABPA, Ricado Santin, ao jornal Valor Econômico. Segundo ele, já há sinais de ajuste nos alojamentos de pintos de corte, indicador da produção futura de carne de frango. Matrizes (aves) mais velhas estariam sendo descartadas antecipadamente para reduzir a produção.
O dirigente da associação não tem detalhes sobre as estratégias de cada empresa, mas calcula que, com uma redução de 5% a 10% da produção – um cenário hipotético, mas completamente plausível -, a demanda por grãos seria reduzida em 1,4 milhão de toneladas até meados do próximo ano.
De acordo com a Embrapa Suínos e Aves, os custos de produção de suínos e de frangos de corte já subiram mais de 25% em 2020. É a primeira vez que os dois índices superam os 300 pontos desde que foram criados, em 2011, quando valiam 100 pontos.
O Cepea também tem acompanhado esse aumento no preço dos principais insumos da alimentação animal. O Indicador ESALQ/BM&FBovespa (Campinas, SP) de milho está em alta consecutiva desde o encerramento de setembro. Nesta parcial de outubro (até o dia 23), o Indicador já subiu expressivos 23,87%, fechando a R$ 78,82/saca de 60 kg.
Ainda segundo o Cepea, o poder de compra do avicultor de postura é o menor em relação ao milho em 16 anos. Isso ocorre mesmo com os preços dos ovos sofrendo reajustes devido ao clima quente. O cenário também é desfavorável em relação ao farelo de soja, em relação ao qual o poder de compra neste mês é o terceiro mais baixo da série.
Apesar do aumento dos preços no mercado interno, o Brasil continua exportando grandes volumes. As importações de soja do Brasil pela China aumentaram 51,4% em setembro em relação ao ano anterior, apontou matéria da Reuters.
Em reunião com o presidente Jair Bolsonaro, cooperativas e traders garantiram que haverá oferta de soja no mercado interno. O presidente da Lar, Irineo da Costa Rodrigues, afirmou que o presidente esta preocupado com os aumentos dos grãos e o abastecimento interno, mas que o setor garantiu que não faltará soja. O presidente, por sua vez, garantiu que não intervirá para controlar o volume exportado.