As indústrias exportadoras de carne suína e de frango perderam US$ 40 milhões na primeira semana após as revelações da Operação Carne Fraca, que levaram ao fechamento de diversos mercados no exterior, estimou nesta sexta-feira a Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA).
A receita corresponde a 22% da previsão total de embarques de uma semana, de US$ 185,7 milhões. A ABPA estimou que os bloqueios totais ou parciais, que ocorrem em 25 mercados, representam 20% da receita das exportações de carne de frango e 33% dos embarques de carne suína.
A entidade destacou que os principais impactos ocorrem com os bloqueios na Ásia. A China é a segunda maior importadora de carne de frango e terceira maior importadora de carne suína do Brasil. Já Hong Kong é a segunda maior importadora de carne suína e sexta no ranking de embarques de carne de frango.
“Os equívocos na divulgação da Operação Carne Fraca (da Polícia Federal) causaram impactos globais. Já temos 25 mercados com algum tipo de bloqueio, parcial ou total. Estamos, juntamente com o governo brasileiro em um esforço para apresentar os devidos esclarecimentos aos vários mercados que são nossos importadores, buscando restabelecer a situação das exportações”, disse em nota o presidente-executivo da ABPA, Francisco Turra.
Em entrevista ao G1 na quinta-feira (23), Turra disse que cerca de 30% da produção de aves no Brasil é exportada e, no caso dos suínos, 15% da produção segue para o exterior.
Restrições à carne brasileira
Ao menos 22 países e a União Europeia anunciariam algum tipo de restrição à carne brasileira desde que a Polícia Federal realizou a operação Carne Fraca, na sexta-feira (17). Alguns países suspenderam temporariamente a entrada da carne brasileira, como China e Egito. Hong Kong, além de suspender a compra, ainda exigiu a retirada do produto do mercado local. Outros como Japão e África do Sul suspenderam apenas parcialmente as importações.
Para tentar controlar a oferta, a JBS chegou a suspender o abate de bovinos por três dias na maioria das unidades do Brasil. A medida, no entanto, não pode ser repetida nas unidades de produção de frango, segundo Turra. O frango fica pronto para o abate em 30 ou 42 dias, dependendo da espécie.
A JBS, dona das marcas Seara, Swiss e Friboi, informou que mantém a produção normal nas unidades de aves e suínos. Já a BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, informou que, por enquanto, não há previsão de medidas de redução de produção.