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Comércio

Árabes podem ser distribuidores de alimentos do Brasil, afirma Roberto Rodrigues

Rodrigues vê potencial de crescimento de vendas de produtos halal<br /> 

Árabes podem ser distribuidores de alimentos do Brasil, afirma Roberto Rodrigues

As nações do Oriente Médio e Norte da África podem ter um papel mais amplo no comércio de alimentos com o Brasil, além da compra para o consumo interno de suas populações. Essa é a visão de Roberto Rodrigues, ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, que deu palestra na sede da Câmara de Comércio Árabe Brasileira, em São Paulo, nesta segunda-feira (05/06).

“Vejo um papel não só de consumo, mas de distribuição dos produtos brasileiros pelos países árabes, inclusive para o Leste Europeu”, afirmou Rodrigues durante o evento. “É um papel que pode ser aumentado”, destacou o ex-ministro.

Rodrigues, que também é coordenador do Centro de Agronegócio da Fundação Getúlio Vargas, ressaltou que “o mundo nunca vai ser cadente para os produtos agrícolas. Sempre se tem que comer”. Ele lembrou ainda que o mercado árabe de alimentos para os produtos nacionais é muito importante e tende a crescer.

“Temos um potencial muito importante de crescimento, inclusive para os produtos halal. No ano passado, houve um aumento de 12% na certificação de produtos halal [no Brasil]”, apontou o professor da FGV. Os alimentos halal são aqueles produzidos de acordo com as tradições muçulmanas.

Outro ponto abordado por Rodrigues foi a crescente importância do Brasil para a manutenção da segurança alimentar no mundo. Apresentando um estudo preparado pela Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), ele mostrou que a entidade projeta que o mundo deverá aumentar em 20% a produção de alimentos para atender o crescimento da demanda até 2020.

“Para que o mundo cresça 20%, o Brasil tem que crescer 40%”, afirmou. Enquanto isso, outras regiões do mundo têm expectativa de um crescimento bem mais baixo em suas produções. “A União Europeia cresce, no máximo, 4%, os Estados Unidos, no máximo, 15%, e a Austrália, 17%”, destacou.

Para que o Brasil alcance o crescimento desejável na produção de alimentos, Rodrigues aponta três fatores importantes presentes no agronegócio nacional: tecnologia, abundância de terras e também de recursos humanos.

O ex-ministro lembrou, por exemplo, que de 1990 a 2016 a produção de grãos do Brasil cresceu 300%, enquanto a de frangos saltou 477%. Rodrigues apontou também que, apesar de o Brasil contar com uma área total de 851 milhões de hectares, o País tem apenas 84,6 milhões de hectares plantados.

Sobre o tema da agroenergia, Rodrigues ressaltou a importância da cana-de-açúcar como matéria-prima mais importante na geração desse tipo de energia. “Agroenergia não é só etanol, é biodiesel, eletricidade, biorefinarias. É uma energia renovável e que gera empregos no campo”, afirmou. Segundo ele, os principais países com potencial para o desenvolvimento ou aumento da produção deste tipo de energia são os da América Latina, África Subsaariana e algumas nações da Ásia.

Em relação às exportações, o ex-ministro lembrou que, em 2016, 46% das exportações brasileiras foram do agronegócio. “O saldo comercial do agronegócio é sempre positivo”, disse. Em 2016, o saldo comercial do agronegócio brasileiro ficou em US$ 71,3 bilhões, enquanto o saldo total do Brasil fechou em US$ 47,7 bilhões.