A Organização Mundial da Saúde recomendou nesta terça-feira (07/11) a restrição completa do uso de antibióticos em animais que não estão doentes. A prática é adotada, diz a entidade, para promover o crescimento de animais e para a prevenção de doenças. Mesmo o uso para o tratamento de doença já instauradas deve ser contido, recomenda a organização.
A medida se faz necessária, diz a OMS, porque o uso excessivo e indevido de antibióticos em animais e seres humanos está contribuindo para uma crescente ameaça de resistência aos antibióticos, o que faz com que muitos tratamentos existentes deixem de ser eficazes.
As diretrizes da OMS chamam a atenção para o consumo excessivo desses medicamentos no setor animal. Em alguns países, 80% do consumo total dos antibióticos tem origem animal (carne, lácteos, ovos). “Muitos medicamentos usados no processo de produção de comida animal são idênticos, ou muito similares, aos usados em seres humanos”, informa a publicação da entidade.
Essa prática, diz a OMS, “contribui para a disseminação de bactérias resistentes, que podem ser transmitidas para seres humanos via alimentação ou outras rotas de transmissão”. A organização internacional aponta que alguns tipos de bactérias que causam infecções graves já desenvolveram resistência à maioria ou a todos os tratamentos disponíveis.
Um estudo de revisão (quando pesquisadores analisam os dados de outros estudos publicados) mostrou que experiências de restrições no uso de antibióticos em animais reduziram a resistência bacteriana nesse grupo em 39%. A pesquisa foi publicada no “The Lancet Planetary Health” nesta terça-feira (07/11).
Diretrizes para a redução
Com base nesses estudos, a OMS lança novas recomendações para o uso de antibióticos em animais para a produção de alimentos para evitar, assim, um aumento da resistência das bactérias no mundo.
A entidade recomenda que a indústria pare de usar antibióticos para a promoção do crescimento animal e para a prevenção de doenças — e só os use no caso de necessidade; quando, de fato, há uma infecção.
Opções alternativas para o uso de antibióticos para prevenção de doenças em animais incluem melhor higiene, melhor uso da vacinação e mudanças nas práticas de criação.
Ainda, sempre que possível, diz a entidade, mesmo os animais doentes devem ser testados para determinar o tratamento mais efetivo — e, assim, restringir os chamados antibióticos de amplo espectro, que contribuem ainda mais para a resistência.
A entidade cita experiências de algumas regiões do mundo que implementaram políticas de restrições ao uso de antibióticos. Desde 2006, a União Européia proibiu o uso de antibióticos para a promoção do crescimento de animais.