Estamos nos aproximando do final do ano e neste momento as nossas atenções devem se voltar para um dos períodos mais críticos para obtenção de excelentes resultados zootécnicos: o verão. As elevadas temperaturas do Brasil podem impactar negativamente no consumo de alimento e, consequentemente, reduzir as taxas de crescimento, conversão alimentar e elevar a mortalidade do plantel. Ao passo que no inverno nos deparamos com a dificuldade de minimizar o impacto causado pelo frio na criação das aves nas fases iniciais, no verão nos encontramos no paradoxo de aliviar o estresse térmico nos animais mais velhos, que produzem grande quantidade de calor e possuem dificuldade para dissipá-lo.
As aves possuem uma capacidade de retenção de calor maior do que são capazes de dissipar, por isso o estresse térmico é tão comum na maioria das regiões brasileiras. Para que as aves consigam transferir calor corporal para o meio, quanto maior a diferença entre essas temperaturas mais eficiente será a troca. Aves estressadas pelo calor procuram manter sua termoneutralidade através do aumento da frequência respiratória, o que pode levar a uma condição de alcalose respiratória devido à excreção do HCO3- e CO2. Para aumentar as trocas de calor com o ambiente, as aves se agacham e mantêm as asas afastadas do corpo, o que aumenta a área de superfície corporal e o fluxo sanguíneo para áreas descobertas pelas penas, como crista e barbela.
Figura 1. Representação gráfica da zona de termoneutralidade das aves. (Adaptado de Raslan, 2007).
A resposta das aves ao estresse térmico é variável, por isso, para traçarmos uma estratégia para amenizar os efeitos do calor, fatores como a idade das aves, peso, categoria produtiva e principalmente as instalações devem ser observadas. Para mensurar o estresse térmico ocorrido diretamente à ave, utilizamos de ferramentas como o termômetro infravermelho, termômetro auricular (aferição da temperatura cloacal) e a luz infravermelha, que produz imagens térmicas de grande precisão sem perturbar as aves.
A ambiência é um fator preponderante para o sucesso da criação das aves e grande parte do investimento para essa atividade concentra-se nas instalações, que devem proporcionar conforto térmico e, ao mesmo tempo, ser economicamente viável. No momento da decisão da construção do aviário, fatores como orientação Leste-Oeste, paisagismo circundante e altura de pé direito devem ser avaliados por um profissional especializado que poderá dar informações importantes e decisórias para obtenção de melhores resultados.
A nutrição também é um fator que deve ser mencionado pois a utilização dos nutrientes da dieta é diretamente afetada pelos efeitos negativos do calor. Isso ocorre não somente pela redução do consumo de alimento mas, também, pelo elevado consumo de água, o que aumenta a taxa de passagem da ração com consequente redução da absorção de nutrientes.
O estresse térmico sempre será um tema de grande interesse, pois tem impacto direto nos resultados zootécnicos. Portanto, nossa atenção deve se voltar para as questões de manejo, nutrição e ambiência, avaliando todos esses fatores de forma conjunta e considerando a fisiologia da ave para identificar a melhor solução para cada situação e região do país.