Cálculos do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada), da Esalq/USP, feitos em parceria com a CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil) indicam que o PIB do Agronegócio brasileiro deve crescer 0,9% neste ano – considerando-se informações disponíveis até maio/17, referentes ao PIB-renda. Na comparação com a estimativa anterior, com dados até abril, verifica-se melhora no resultado esperado para o agronegócio – a última projeção indicava estabilidade (+0,1%). Esse aumento deve-se, principalmente, à queda menos acentuada nos volumes e nos preços do segmento agroindustrial, na comparação anual.
Para o agregado do agronegócio, assim como já observado em estimativas anteriores, a renda segue pressionada pelo movimento de preços desfavorável ao setor, enquanto o PIB-volume se mantém com crescimento relevante. A relação entre os deflatores do agronegócio e da economia como um todo apresentou redução de 3,5% na comparação entre os primeiros cinco meses de 2017 e o mesmo período de 2016. Quanto ao PIB-volume do agronegócio, estima-se elevação de 4,5% em 2017.
No ramo agrícola, a forte elevação do PIB-volume (+7,1%) se sobrepõe à queda estimada na relação de preços (-5,1%), de modo que, para o PIB-renda, estima-se elevação anual de 1,6% em 2017 – ligeiramente superior à estimativa anterior, de +1,4%. O relevante crescimento da produção no campo que, por sua vez, estimula indiretamente os demais segmentos do ramo, segue como principal impulsionador do PIB-volume.
Quanto ao ramo pecuário, à estimativa da variação anual do PIB-renda apresentou melhora relevante em comparação com os resultados anteriores, com queda menos acentuada (estimada em -0,9%). Esse resultado atrela-se principalmente à melhora na relação de preços para o ramo, especificamente na agroindústria e nos agrosserviços. Para o PIB-volume, a estimativa de crescimento segue negativa, em 1,3%, relacionada aos resultados de baixa principalmente para o abate bovino e para a fabricação de laticínios.
O movimento de queda na relação entre os deflatores do agronegócio e da economia como um todo representa, por um ângulo, uma perda de rentabilidade da produção do setor frente à média da economia. Esse cenário desfavorável tem marcado, especificamente, o ramo agrícola do agronegócio.
Por outro ângulo, a perda de rentabilidade do setor tem reflexo positivo na economia e na sociedade, contribuindo para o controle da inflação e para a garantia de acesso a alimentos mais baratos. Produzindo volumes crescentes a preços acessíveis, o agronegócio ajuda a garantir uma importante dimensão do bem-estar, principalmente da população tipicamente mais pobre.