O Brasil é o quarto maior produtor de carne suína e quarto maior exportador mundial. Mas, em matéria de consumo, fica lá atrás. Na Europa, cada pessoa come anualmente uma média de 44kg dessa proteína; na China e no Canadá, 36kg; nos Estados Unidos; 30kg, em nosso país, 15kg por pessoa. O motivo: preconceito.
Ainda que muitos considerem irresistível uma costelinha suína assada, a carne de porco ainda é tida pelos brasileiros como gorda, remosa (que dificulta a cicatrização) e possível transmissora de doença (no caso, a teníase). No entanto, pensar assim hoje em dia é sinal de desinformação.
É verdade que o consumo cresceu nos últimos anos. Em grande parte, por causa das campanhas feitas em parceria entre Associação Brasileira dos Criadores de Suínos (ABCS) e Sebrae para esclarecer o consumidor sobre as reais características da carne de porco. Nos anos 1990, um brasileiro consumia de 6kg a 8kg dessa proteína. Porém, os 15kg atuais ainda estão abaixo da média mundial, que é de 16kg.
Mais esbelto e asseado
“Por muito tempo o porco foi criado mais pela banha do que pela carne. A partir dos anos 1950, com o surgimento dos óleos vegetais, isso foi mudando”, conta Rubens Valentini, produtor de suínos na fazenda Miunça, na área do PAD-DF.
De lá para cá, os suínos tiveram que manter a forma para conquistar o gosto dos brasileiros. Em 1960, um porco possuía em média 48% de carne magra e 6cm de gordura dorsal; em 2010, passou para 60% de carne magra e 1cm de gordura dorsal.
Isso se deve às mudanças na forma de criação. Antes, os animais eram mantidos soltos, sem que houvesse nenhuma preocupação de melhorá-los para alta produção. Hoje, são criados em ambientes confinados, com alimentação à base de milho, soja e nutrientes.
Dieta controlada e censor de cio
As preocupações com a produção de suínos agora inclui a utilização de tecnologias sofisticadas, inclusive para garantir o bem-estar animal. Rubens Valentini, por exemplo, importou da Europa o sistema que permite às porcas circularem no ambiente amplo da área de gestação, em vez de ficarem em baias estreitas.
O requinte chega ao ponto de, na hora da comida, apenas uma porca se alimentar por vez. E, por meio do chip que cada uma traz na orelha, controla-se o quanto ela já comeu e quanto ainda pode comer. Além disso, há até um sensor de cio, para detectar o melhor momento de inseminar o animal.
Com tanto controle, fica praticamente impossível a incidência de doenças como a teniase, que é adquirida por meio da ingestão de larvas oriundas de alimentos contaminados. Aliás, os bichinhos é que têm que ter cuidado com os humanos. Para uma pessoa entrar no ambiente em que estão as porcas, não pode ter tido contato com suíno vivo por três dias, tem que tomar banho e usar roupa especial.
Apoio de celebridades
Profissionais como o professor de educação física Marcio Atalla e o chef de cozinha Carlos Bertolazzi hoje emprestam imagem e conhecimento em suas respectivas áreas para reforçar a campanha da ABCS e do Sebrae. Tudo para convencer o brasileiro de que ele só tem a perder deixando de consumir a carne de porco.
Se você ainda duvida das vantagens da proteína, confira oito razões para mudar de ideia:
1 ) Diversidade de cortes
Da mesma forma que o boi, o porco possui uma grande variedade de cortes. Tem o filé-mignon, a alcatra, a paleta, a costela, a picanha, o pernil… O que significa variedade de receitas (confira várias delas no site Mais Carne Suína).
2 ) Fácil de preparar
Por ser suculenta, a carne de porco geralmente não necessita de longo tempo de preparo, além do que absorve facilmente temperos cítricos, agridoces e picantes.
3 ) Ajuda a manter a massa muscular
A carne suína é rica em proteínas de alto valor biológico que, quando quebradas, geram aminoácidos essenciais, necessários para manutenção da massa magra.
4 ) Auxilia na prevenção de doenças
Por possuir menor teor de sódio em relação a outras carnes e conter maior teor de potássio, tem maior potencial para evitar a hipertensão arterial quando consumida em cortes magros. Além disso, é bom para a anemia: 100g de carne suína correspondem a 10% a 22,5% de ingestão diária de ferro.
5 ) Fortalece o sistema imunológico
É rica em ferro, vitaminas A e C, nutrientes necessários para manter o bom funcionamento do sistema imunológico.
6 ) Menos colesterol do que se imagina
Em termos de colesterol, a carne suína possui valor inferior (55mg) ao de cortes de frango, como a sobrecoxa crua sem pele (84mg), ou ao de um contrafilé bovino sem gordura cru (59mg)
7 ) Não há comprovação de que é “remosa”
Não há nenhuma comprovação científica de que a carne suína “faz mal” ou “é carregada”. A ideia provavelmente, está associada à gordura e à alimentação desregulada desses animais 50 anos atrás — que dificultava a digestão de quem a consumia. Com os novos métodos de criação, já não faz sentido.
8 ) Segurança de procedência
É possível estar seguro da procedência da carne suína que consumimos. Basta conferir na embalagem se há o Selo de Inspeção Municipal (SIM), Estadual (SIE) ou Federal (SIF), emitidos pelo Ministério da Agricultura.