As primeiras lavouras de soja da safra 2014/15 estão sendo colhidas em Mato Grosso e no Paraná com produtividades bastante irregulares, com algumas regiões sentindo os efeitos da falta de chuva no início da temporada, disseram nesta quarta-feira entidades do setor.
A colheita começou ainda tímida, depois do Natal, acelerando-se nos últimos dias. Os trabalhos de campo deverão ganhar amplitude no Centro-Oeste a partir da segunda metade de janeiro e início de fevereiro, quando são esperados melhores resultados, com a regularização climática.
“Grandes produtores que plantaram soja super precoce já estão colhendo, para plantar algodão na sequência”, disse o agricultor Claudio Scariote, presidente do Sindicato Rural de Sapezal, no oeste de Mato Grosso.
Segundo ele, as produtividades nas primeiras lavouras colhidas, que não ultrapassam 5 por cento da área plantada no município, estão variando bastante, entre 35 e 64 sacas por hectare.
Um prolongado período sem chuvas afetou o início do plantio no Centro-Oeste e no Paraná, entre o fim de setembro e o mês de outubro.
“Quem não pegou chuva no início está colhendo mal”, disse Scariote.
As boas produtividades estão ocorrendo em algumas áreas que receberam chuvas isoladas.
Na avaliação de Nelson Piccoli, diretor administrativo da Aprosoja MT, associação que reúne produtores de grãos de Mato Grosso, apenas a irrigação conseguiu garantir boas produtividades para as primeiras lavouras plantas.
“Conversei principalmente com quem tem pivô, estão colhendo muito bem, de 60 a 65 sacas por hectare. Mas para quem plantou fora do pivô, tem de tudo (produtividades altas e baixas)”.
Piccoli, produtor na região de Sorriso e Sinop, principal polo sojicultor de Mato Grosso, conta que em sua região os trabalhos de colheita também já começaram em algumas fazendas.
No Paraná, também houve atraso de plantio. As lavouras que conseguiram ser semeadas nos primeiros dias da temporada estão sendo colhidas agora, relatou o gerente técnico da Organização das Cooperativas do Paraná (Ocepar), Flávio Turra.
“Nessas primeiras colheitas, temos muitos extremos”, disse ele, citando produtividades entre 33 e 66 sacas por hectare.
Turra projeta que o mês de janeiro terminará com 3 por cento das lavouras de soja do Paraná colhidas, ante 5 por cento da média de anos anteriores, em decorrência do atraso no plantio.
Consultorias privadas e órgãos como o Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária (Imea) deverão começar a divulgar os primeiros levantamentos estatísticos sobre a colheita no Brasil nos próximos dias.
Indicativos
Apesar do sobressalto com o início do plantio e a irregularidade das produtividades das primeiras lavouras colhidas, a tendência é de uma safra sem grandes problemas climáticos no país, com alto potencial produtivo, após uma regularização das chuvas.
“O desenvolvimento da cultura está muito bom, muito tranquilo. Essa diferença (atraso) do início das chuvas não afetou o desenvolvimento das plantas”, disse Piccoli, da Aprosoja.
“O potencial produtivo é muito bom”, afirmou Turra, da Ocepar.
A consultoria FCStone elevou na terça-feira sua previsão para a safra brasileira de soja 2014/15 para 93,52 milhões de toneladas, ante 93,11 milhões da projeção de dezembro.