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Milho

Sistemas integrados de produção aumentam produtividade em Rondônia

O consórcio do milho com o capim-xaraés demonstrou excelentes resultados em produtividade quando utilizado em sistema de integração lavoura-pecuária (ILP).

Sistemas integrados de produção aumentam produtividade em Rondônia

O consórcio do milho com o capim-xaraés demonstrou excelentes resultados em produtividade quando utilizado em sistema de integração lavoura-pecuária (ILP). Isso foi observado por pesquisadores em experimento realizado no bioma amazônico, no Estado de Rondônia. Embora preliminares, os resultados demonstram o grande potencial do sistema na região. No caso do milho, foram observadas áreas com rendimento de dez toneladas do grão por hectare. “Esses resultados representam um valor 350% superior à atual média estadual para a cultura, estimada em 2,2 toneladas/ha”, frisa o pesquisador da Embrapa Rondônia Alexandre Passos.
 
Inserido no contexto de integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), o experimento conduzido pela Embrapa Rondônia e parceiros reproduz a situação de uma fazenda, em Rondônia, produtora de grãos e leite. Segundo informa o pesquisador Alexandre Passos, o trabalho é inovador por avaliar modelos de integração envolvendo a pecuária leiteira na região amazônica, com foco no aumento da eficiência do uso de recursos naturais e maior rentabilidade da área. “A hipótese é que sistemas integrados podem ser mais sustentáveis ao promoverem maior eficiência do uso da terra, que os modelos de produção tradicionais”, diz o pesquisador.
 
Cofinanciado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), o projeto utiliza metodologias e abordagens inovadoras na avaliação do comportamento e desempenho animal e vegetal em sistemas integrados para a região amazônica. “A meta é o desenvolvimento e validação de métricas para avaliação de sustentabilidade de sistemas integrados de produção leiteira”, complementa o pesquisador.
 
Testando diferentes configurações
 

As pesquisas irão avaliar também a integração com árvores, no sistema ILPF, um desafio, em função do tempo de avaliação. Diferentemente das lavouras e do gado, as árvores possuem rotação mais longa, que varia de cinco a 15 anos, podendo às vezes ultrapassar esse tempo.  A Embrapa tem avaliado em Porto Velho diferentes modelos de produção testando dois clones de eucalipto (GG100 e VM01) e dois espaçamentos (3,5 x 2,0 m e 3,5 x 3,0 m) entre árvores dentro das aleias (renques), buscando-se as combinações que resultarão em maior produtividade de madeira. Também será avaliado o efeito da presença e proximidade das árvores sobre a produtividade de grãos e pastagem. Para isso, o experimento conta com três distâncias entre os renques (18, 30 e 42 metros), nesses espaços serão semeadas as lavouras e posteriormente deverá ocorrer o pastejo dos animais.
 
Até o momento, não foram registradas diferenças significativas entre os clones nem entre os dois espaçamentos. O pesquisador Henrique Cipriani, também da Embrapa Rondônia, explica que o experimento acaba de completar dois anos, considerado precoce para obter resultados conclusivos. As árvores serão avaliadas até a idade de corte.
O pesquisador conta que futuramente estudos deverão ser realizados buscando-se o número de linhas por renque que potencialize a produção da madeira, além de desenvolver modelos que descrevam o crescimento das árvores em cada sistema, o que auxiliará o planejamento da produção. Em princípio, os pesquisadores optaram por trabalhar com eucaliptos devido ao vasto conhecimento agregado a essa cultura tanto em monocultivo como em ILPF. Assim, os resultados podem ser mais facilmente comparáveis. Além disso, desconhecem-se espécies nativas que superem o eucalipto em crescimento e versatilidade, pois é uma essência florestal com muitos usos, adaptada a diversas regiões e com mercado consolidado.
 
Conforto térmico para os animais
 
Por meio do monitoramento de variáveis como temperatura e umidade, o pesquisador da Embrapa Rondônia Eduardo Schmitt está avaliando o nível de interferência do clima no desempenho e conforto térmico animal, que já demonstra ter impacto no nível de produção de leite e ganho de peso de animais em sistemas de pastejo. “Dados levantados em 2014 revelaram que a região de clima tropical de monções impõe condições desafiadoras para produção animal, sendo por isso imprescindível a adoção de tecnologias e estratégias de manejo para propiciar o bem-estar animal e o máximo desempenho produtivo, e uma das apostas é o sistema ILPF”, argumenta Schmitt.
 
O pesquisador reforça que, muitas vezes, na contramão da seleção animal por aumento de produtividade está a dificuldade em manter a regulação térmica, já que à medida que o animal acelera seu metabolismo, seja produção de leite, seja produção de massa muscular, o calor metabólico aumenta e, com isso, os desafios para manutenção do conforto.
 
Os pesquisadores acreditam não haver uma fórmula única para o sucesso dos sistemas de produção, mas esperam aumentar o conhecimento e disponibilizar opções aos diferentes perfis de produtores. A aposta é ajustar o microclima por meio do sistema ILPF, o que aumentaria a produtividade animal e do sistema. Para os especialistas, as tecnologias de integração representam uma evolução do modo como se produz no campo, construindo novos modelos de uso da terra, conjugando a rentabilidade do agronegócio com a preservação ambiental.