Em meio ao impasse entre o governo e as indústrias eletrointensivas do Nordeste, com a aproximação do prazo final do contrato de fornecimento de energia pela Companhia Hidro Elétrica do São Francisco (Chesf), em junho, uma solução foi levantada no seminário Energia Competitiva no Nordeste, realizado na terça, 28/4, pelo CORREIO, no auditório da Federação das Indústrias do Estado da Bahia.
“A energia eólica é a solução”, garantiu a presidente da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica), Élbia Gannoum, durante sua palestra no evento. “Porque hoje é a fonte mais competitiva do país”, justificou. Para Élbia, a resolução para essa questão é muito simples. “O que a indústria precisa é de energia barata, porque precisa manter sua competitividade no mercado externo. Somada a uma energia limpa e renovável, e em abundância no Nordeste, você não tem dúvida que esta é a solução”, avaliou.
A presidente da ABEEólica baseia seus argumentos em números promissores que são reflexo de condições naturais propícias. “O fator central da competitividade no Brasil, e esse fator não vai mudar se as condições na Europa ou nos EUA mudarem, é o aspecto natural. O que os economistas gostam de chamar de vantagem comparativa”, explicou.
Segundo ela, a vantagem comparativa do país está nos ventos com velocidade de 10 a 12 metros por segundo, constante, unidirecional e sem rajada, ideal para esse tipo de fonte. “E só vai mudar se alguém conseguir mudar esse quadro. Do contrário, a nossa vantagem vai permanecer e o nosso custo de produção vai ser mais baixo”, disse.
Ranking
O progresso da energia dos ventos no Brasil se deu de forma muito rápida, se pensarmos que o primeiro leilão aconteceu em 2009, para entrar em operação três anos depois. “O resultado só começou a aparecer em 2012”, lembrou Élbia. Hoje, o país ocupa a 10ª posição do ranking mundial de capacidade instalada de geração eólica. “O que é um número muito bom, porque em 2013 estávamos na 13ª posição, e em 2012 na 15ª. Estamos crescendo em uma velocidade exponencial, tal como os ventos do Nordeste”, brincou ela.
Quando o assunto é novas capacidades, o Brasil dá um salto e passa para a quarta posição na lista mundial, em 2014, sendo que em 2013 estava na sétima, e em 2012 na oitava posição. Mas, o mais animador dos dados é no quesito atrativos. O país é o segundo que mais atrai investimentos em energia de fonte eólica no mundo. “A despeito do desempenho da economia brasileira nos últimos dois anos, somos um grande mercado e nós temos muitas oportunidades de investimento, leia-se principalmente a eólica”, destacou Élbia.
O Nordeste é a principal região para esse tipo de fonte energética. Encabeçada pelo Rio Grande do Norte, o maior produtor, a região é a principal produtora de energia eólica
no país. “O Brasil tem um potencial eólico muito grande, no Nordeste e no Sul. No Sul, no Rio Grande do Sul. Já no Nordeste, tem no Rio Grande do Norte, na Bahia, no Ceará, em Pernambuco, no Piauí, ou seja, em tudo”, celebrou Élbia. E a Bahia é um destaque pelo tipo de vento. “O tesouro está muito fortemente na Bahia, que tem um dos melhores ventos do mundo, o alísio. Esse vento só tem em quatro lugares no mundo, e a Bahia é o único dos quatro que produz energia a partir dele”, ressaltou.