De acordo com o artigo “The Role of CSP in Brazil: a Multi-Model Analysis”, coordenado pelo pesquisador Rafael Soria e publicado no Solar Paces 2016, existem diferentes oportunidades para a heliotermia no Brasil no curto e médio prazo. O objetivo do estudo foi avaliar o papel da heliotermia como parte do futuro sistema energético brasileiro e entender suas capacidades para fornecer uma fonte extra de flexibilidade ao sistema elétrico brasileiro.
O trabalho verificou que a heliotermia é uma opção de expansão rentável em cenários de mitigação de impactos ambientais. Utilizando ferramentas de simulação, seis cenários de “mix de energias” até 2050 foram analisados, considerando preços de CO2 diferente e disponibilidade de tecnologia. No entanto, é importante frisar que os cenários são largamente dependente de estimativas para a evolução futura dos condutores principais, como a demanda de energia e do preço do combustível.
Usando hibridização de biomassa de baixo custo, foi encontrada uma opção técnica e economicamente viável para o país, que reduziria o custo da eletricidade gerada por usinas HLT. Em um dos cenários, caracterizado pelo elevado preço do CO2 e pelo uso da biomassa, foi demonstrado que a heliotermia será uma opção de custo eficaz em 2040. A parcela de eletricidade heliotérmica na matriz energética nacional em 2050 pode chegar a 6%.
Além disso, outro cenário mostrou que as plantas tradicionais de energia heliotérmica com armazenamento de energia e apoio de combustíveis fósseis podem ser uma opção de custo eficaz até 2050, com preço médio de CO2. A mais longo prazo, o armazenamento é uma opção viável, especialmente quando as políticas fiscais de carbono forem implementadas. Já os resultados de outra análise mostraram que a heliotermia pode fornecer segurança energética na região Nordeste do Brasil, complementando a geração eólica e fotovoltaica.
Em geral, os modelos mostraram que a heliotermia é altamente complementar a outras fontes de geração. No entanto, o carvão continuará sendo uma fonte importante de energia enquanto a percentagem de energias renováveis não crescerem. Devido às suas características técnicas, a implantação de energia solar heliotérmica no Nordeste do Brasil é uma opção atraente para fornecer alguma da flexibilidade adicional, que o sistema brasileiro certamente vai precisar nos próximos anos.