A safra de verão no Centro-Oeste do país está cercada de incertezas. O fenômeno climático El Niño transformou as chuvas em artigo de luxo durante o plantio no Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Com o solo sem umidade e o desenvolvimento da soja com estresse hídrico, a produtividade nas lavouras está em risco, apurou a Expedição Safra Gazeta do Povo, que cumpriu roteiro de 5 mil quilômetros pela região.
A situação nos dois estados é semelhante. Muitas áreas foram semeadas na poeira, na expectativa de que a chuva chegasse em breve, fato que não se concretizou. Com o aumento do custo de produção, muitos produtores, como Paulo Buzolin, de Chapadão do Sul, no Mato Grosso do Sul, descartam replantar toda a área, assumindo a queda na produtividade.
“[A soja] nasceu sob estresse, pois o sol queimou o caule da planta. Só irei replantar 520 hectares [do total de 2.040 hectares]. A produtividade da soja que ficar será de 40 sacas por hectare”, conta Buzolin.
De acordo com a analista Tainá Heinzmann, da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Mato Grosso (Famato), a produtividade média do estado deve ser de 52,5 sacas/há, apenas meia saca a mais em relação à temporada passada. Porém, somente as próximas semanas irão apontar para uma necessidade (ou não) de revisão dos números.
“A previsão é sem chuvas. Ou seja, com esse El Niño, tudo pode acontecer”, pontua Tainá. “O ideal seria o pessoal replantar e não abandonar a área. Mas sabemos que muitas regiões estão pressionadas com o custo de produção”, lamenta.