Fonte CEPEA

Carregando cotações...

Ver cotações

Energia

Usinas de álcool aproveitam bagaço para ampliar produção de eletricidade

Nos canaviais, tratores carregam a matéria-prima para produção de energia nas usinas de açúcar e álcool.

Usinas de álcool aproveitam bagaço para ampliar produção de eletricidade

A perspectiva de alta do preço da energia comercializada no mercado livre impulsionou a expansão da capacidade instalada do insumo produzido a partir do bagaço de cana (biomassa) no Brasil em 21% no ano passado. De acordo com pesquisa da Safira Energia, em 2012 a capacidade instalada de produção de energia de biomassa era de 7.342 megawatt (MW) no país e no final de 2013 chegou a 8.870 MW. A oportunidade elevação de ganhos na cogeração de energia também estimulou o comércio de bagaço de cana entre as usinas. Com isso, o preço do insumo, que há dois anos girava em torno de R$ 30 a R$ 40, saltou para R$ 70 a R$ 80.

Em Minas, a capacidade instalada da produção de energia elétrica a partir da cogeração nos canavais é de 1.000 MW, dos quais 50% são usados na própria fabricação de álcool e açúcar. A outra metade é vendida para os mercados regulado e livre, o que representa 5% da capacidade de geração elétrica total no estado. “Diante da oportunidade de vender energia a um preço alto, o comércio de bagaço entre as usinas produtoras de açúcar e álcool aumentou”, explica o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (Siamig), Mário Campos.

Isso acontece porque muitas das empresas cogeradoras não tinham bagaço suficente para produzir a energia necessária em suas próprias unidades. De acordo com Campos, como o preço da energia comercializada no mercado de curto prazo está alto, vale a pena para as usinas não só comprar o bagaço como tranportá-lo por distâncias mais longas, o que há pouco tempo não acontecia.

Mitio Kawai, diretor da Safira Energia, vai além. Segundo ele, na urgência de aproveitar os preços do mercado livre, as usinas não estão comprando apenas bagaço. Para gerar energia, passaram a adquirir também cavaco de madeira, casca de arroz, casca de café e até móveis antigos destinados ao descarte. “Tudo que pode ser queimado eles estão comprando. Isso acontece quando o preço da energia está alto no mercado de curto prazo. O excedente produzido pelas usinas canavieiras é vendido no mercado livre”, sustenta.

Aumento De acordo com o estudo da Safira Energia, por causa da entrada de novas fontes na cogeração de energia das usinas sucroalcooleiras, houve um aumento de 35% na entrega do insumo no país, que saiu de 1.445 MW médios em 2012 para 1.946 MW médios em dezembro de 2013. Segundo a Safira, o volume de energia gerado por todas as fontes no país, incluindo hidrelétricas, térmicas e eólicas, foi de 61.323 MW médios em 2013, um crescimento de 3% quando comparado com os 59.561 MW médios gerados em 2012.

Mitio Kawai lembra que o açúcar e o álcool são o produto final dos canaviais, e que a energia elétrica é um subproduto desse processo. “Por causa disso, é possível comprar combustíveis que não sejam o bagaço de cana para gerar energia, ainda que eles não tenham a mesma eficiência”, observa. No caso da cana, com duas toneladas de bagaço é possível produzir 1 megawatt/hora. “Os gastos para gerar 1 MWh são de R$ 300, e essa mesma quantidade de energia é vendida no mercado de curto prazo por R$ 800. Vale a pena”.

Valdemar Vargas Oliveira, gerente corporativo de desenvolvimento industrial do grupo Coruripe, lembra que, hoje, 64% da energia usada no Brasil vem de fonte hídrica, 10% das éolicas, 6% do óleo combustível. “Cerca de 10% vêm do bagaço de cana e da biomassa. Isso corresponde a cerca de 9 mil megawatts de capacidade instalada no setor da bioeletricidade, capacidade equivalente a uma hidrelétrica do tamanho de Furnas (9,6 mil MW), que é a segunda maior do país em operação hoje”, observa.

Na seca O problema é que a energia da biomassa só é gerada após a safra da cana de açúcar, ou seja, entre os meses de maio e novembro. “As fontes alternativas são importantes para o setor elétrico brasileiro, porque atendem ao consumo no período seco, mas em boa parte do ano não podem gerar”, observa Flávio Neiva, presidente da Associaçãop Brasileira das Empresas Geradoras de Energia (Abrage).