Os custos de produção da carne de frango no Brasil devem ceder no segundo semestre deste ano com perspectiva de preços menores de grãos, beneficiando a indústria no período de demanda mais forte, apontaram representantes do setor.
“Houve uma queda efetiva no preço dos insumos este ano, depois da safra, em especial, tanto do milho quanto da soja… De modo geral, (o custo para) produzir está melhor “, disse o presidente da Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), Francisco Turra.
A previsão de uma grande segunda safra de milho, em início de colheita, estimada atualmente em 46 milhões de toneladas pelo governo, e a perspectiva de safra recorde nos Estados Unidos, têm levado à queda expressiva de preços do grão.
O indicador do Cepea, Esalq/BM&F Bovespa, uma referência para o mercado, atingiu o menor patamar em quase quatro anos na terça-feira.
O milho e o farelo da soja, dois importantes insumos, representam cerca de 70 por cento do custo total de produção de frango no Brasil, o maior exportador global.
Segundo o levantamento da ABPA, esta queda chega a até 20 por cento para a soja e entre 10 a 15 por cento para o milho em algumas regiões produtoras, como Mato Grosso, mas a redução não chega integralmente aos criadores porque é preciso incluir os custos com frete.
Com isso, a ABPA calcula hoje que a queda no preço médio foi de 10 por cento para o milho e de 6,8 por cento para a soja, numa comparação anual, nas áreas mais relevantes de criação de frango no Brasil.
A ABPA não divulgou estimativa de custo total.
Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) mostra que a relação de troca entre o frango e o milho é a mais favorável aos criadores desde o início do acompanhamento em 2004, para meses de julho.
“O setor está trabalhando numa condição mais confortável, por causa dos preços menores de grãos, com uma safra grande dos Estados Unidos e um mercado brasileiro bem abastecido”, disse o analista de mercado do Cepea Augusto Maia.
Segundo o acompanhamento do Cepea, em meados de julho 1 kg de frango vivo pagava o equivalente a 5,5 sacas de milho, contra 5 kg do cereal no mesmo período do ano passado.
“Quanto maior este número, mais benéfica é a relação para o produtor (de frango). E, atualmente, ela está perto da marca de dezembro, mês de bom preço de frango… É recorde, a melhor (marca) para um mês de julho”, disse Maia.
Tradicionalmente, o segundo semestre é o período mais forte de consumo para a indústria, quando se exporta mais e o mercado interno cresce mais pela demanda de aves para festas de fim de ano.
PARANÁ
No Paraná, maior produtor e exportador de carne de frango, a situação se apresenta ainda mais favorável, por conta de uma grande safra de milho no Estado, como observou o presidente do Sindicato das Industrias de Produtos Avícolas para o Estado do Paraná (Sindiavipar), Domingos Martins.
“No Paraná, com uma produção de milho safrinha espetacular, foi uma surpresa agradável, está colhendo mais que esperado. Isso ajuda bastante porque não tem a oneração de tributos –como o ICMS– e do transporte para trazer o produto de fora (outros Estados)”, disse Martins.
Ele ponderou que existe alguma preocupação com os aumentos de energia e mão de obra, que podem resultar em algum aperto nas margens do setor, mas este custo tende a não ser repassado ao consumidor final, por conta da grande diferença de preços entres o atacado e o varejo.