O PSB definiu nesta terça-feira (19) o nome do deputado federal Beto Albuquerque (PSB-RS) como candidato a vice-presidente na chapa de Marina Silva. Líder do partido na Câmara, ele era um dos aliados mais próximos do ex-governador de Pernambuco Eduardo Campos, que morreu em acidente aéreo no dia 13 deste mês. O deputado trabalhou desde o início na construção da candidatura do pernambucano. O anúncio foi feito ontem (20).
Albuquerque, de 51 anos, tem trajetória de afinidade com o agronegócio — setor que tradicionalmente se opõe às propostas de Marina. Com base eleitoral no Noroeste gaúcho, onde a agricultura sustenta a economia, ele defendeu interesses de cerealistas e de empresas de celulose no Congresso. Conseguiu, por exemplo, uma linha de financiamento do BNDES para armazenagem de grãos e atuou contra uma restrição ambiental a plantações em áreas de elevada altitude.
No início do primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, quando foi vice-líder do governo, Albuquerque trabalhou pela edição de medida provisória que liberaria o plantio de soja transgênica. Naquela época, Marina era ministra do Meio Ambiente e criticava a iniciativa. Na eleição de 2010, companhias de sementes, beneficiadoras de grãos e empresas como a Celulose Riograndense e a Klabin compuseram metade das receitas do deputado na campanha — a proliferação de plantações de eucaliptos é um tema caro a ambientalistas locais. Suas últimas campanhas receberam contribuições de uma empresa de defensivos agrícolas e de uma indústria de armas.
Apesar das ligações do deputado, a relação com Marina parece ser boa: há três semanas, Albuquerque e a ex-senadora pediram votos em visita ao Rio Grande do Sul, junto com Eduardo Campos. O deputado já foi duas vezes secretário de governos petistas no Rio Grande do Sul.
Rede
O estatuto da Rede Sustentabilidade, partido idealizado por Marina e que não obteve o registro no Tribunal Superior Eleitoral em 2013, veda a arrecadação de doadores desses ramos. As principais lideranças da Rede, no entanto, foram informadas ontem da indicação e aceitaram o nome de Albuquerque.
Antes da definição por Albuquerque, especulou-se o nome do secretário de Educação e das Cidades do então governo de Eduardo Campos em Pernambuco, Danilo Cabral. O nome dele, no entanto, foi vetado tanto pela família de Campos quanto por integrantes da Rede Sustentabilidade e pelo PSB nacional.