O candidato do PV à Presidência da República, Eduardo Jorge, protocolou na última quinta feira (04/09), no Palácio do Planalto e na Embaixada da Alemanha, em Brasília, um pedido de audiência com a presidenta Dilma Rousseff e o novo embaixador alemão, Dirk Brengelmann, que assumiu o posto em agosto, para propor que não se renove o acordo de cooperação entre os dois países na área de energia nuclear.
Assinado em 1975, o acordo é renovado automaticamente a cada cinco anos, caso nenhuma das partes se posicione contrariamente no máximo um ano antes da renovação. Para que não seja renovado em 2015, essa posição deve ser evidenciada até 18 de novembro, explicou Eduardo Jorge, que defendeu um outro acordo, na área de energia solar.
O pedido também foi assinado por representantes da organização não governamental (ONG) Greenpeace Brasil e da Coalizão por um Brasil Livre de Usinas Nucleares.
De acordo com Eduardo Jorge, representantes dessas entidades vão participar da futura audiência com a presidenta e o embaixador. Além da não renovação do acordo nuclear, que, segundo ele, teve “resultados pífios e perigosos” em quase 40 anos, serão discutidos no encontro os protocolos de segurança das usinas nucleares. “As informações que temos indicam que eles são muito antigos e superados, o que causa preocupação em relação à segurança necessária nas usinas Angra 1 e 2, por exemplo”, disse o candidato à Agência Brasil.
Por último, o candidato pretende propor um novo acordo entre Brasil e Alemanha, prevendo investimentos em pesquisas sobre energia solar. “A Alemanha está na vanguarda nas pesquisas e investimentos em energia solar. Essa associação seria boa para nós e para eles, que teriam como parceiro um país poderoso em energia solar, como o nosso”, disse. O candidato destacou que apenas 0,01% da matriz energética brasileira tem como fonte a energia solar. Na Alemanha, a representatividade já chega a 5% e tem elevadíssima taxa de crescimento. Em 2011, após o desastre ocorrido na usina japonesa de Fukushima. o governo alemão anunciou o fechamento de todas as usinas atômicas até 2022.
Eduardo Jorge disse que o PV acredita que, em dez anos, a energia solar será a principal energia renovável, a mais limpa e mais eficiente. “A eficiência cresce e os preços caem de forma acelerada”, afirmou o candidato, que cobra pressa nos investimentos na área. Ele citou um estudo do Greenpeace, segundo o qual a produção de energia solar é viável em 80% do território brasileiro.O estudo diz também que o Brasil tem potencial para se tornar “campeão mundial” no setor.
Eduardo Jorge ressalta que o grande diferencial da Alemanha em termos de energia solar é a “democratização de sua produção energética”. “Até hoje, produzir energia sempre foi coisa de empresas muito grandes. A energia solar pode ter fazendas solares grandes também, mas você, na sua casa, eu, na minha casa, ela, na pequena fábrica dela, podemos, captando a energia fotovoltaica no telhado e em áreas livres no campo, produzir energia descentralizada. Além de ser a mais limpa de todas, e inesgotável, ela tem a vantagem de democratizar a produção e quebrar os monopólios de energia, o que nenhuma outra tem.”